terça-feira, 26 de julho de 2011

NÃO FOI NO GRITO - 006

A CONFEDERAÇÃO dos TAMOIOS ou

a VOZ SILENCIADA dos VELHOS da TERRA.

A CONFEDERAÇÂO dos TAMOIOS foi um dos primeiros gritos públicos da independência do Brasil e marcou o início do processo visível da erradicação do trabalho escravo do indígena brasileiro.


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Fig. 01 – INDÍGENA BRASILEIRO idealizado e europeizado por Henricus HONDIUS

Para conferir e dar visibilidade a estas duas conquistas silenciosas, o objetivo central deste blog, é trazer argumentos que reforçam a convicção de que o PODER ORIGINÁRIO BRASILEIRO teve um longo, sofrido e continuado caminho. Caminho continuada que não foi realizado aos solavancos e aos gritos intempestivos, como certas narrativas parecem sugerir. Caminho contínuo acompanhado de um sofrimento único, ocultado numa espessa cortina de silêncio apreendido e cultivado no silêncio denso das florestas seculares.


http://www.clerioborges.com.br/temiminosarariboia.html

Fig. 02 – INDÍGENA BRASILEIRO no blog de Clério José BORGES SANT´ANNA. O denso silêncio da floresta rompido pela música indígena.

As mais poderosas forças do longo, sofrido e continuado caminho do PODER ORIGINÁRIO brasileiro sempre foram silenciosas ou foram silenciadas. A CONFEDERAÇÃO dos TAMOIOS, que ocorreu entre os anos de 1556-1567, foi uma destas forças silenciadas logo após a fundação de São Paulo de Piratininga, em 1554.


http://www.brasiliana.usp.br/bbd/search?&fq=dc.contributor.author%3AStaden%2C%5C+Hans%2C%5C+ca.%5C+1525%5C-ca.%5C+1576

Fig. 03 – GALEÃO EUROPEU nas COSTAS do BRASIL in Hans Staden

As narrativas produzidas em relação a CONFEDERAÇÃO dos TAMOIOS, por historiadores e cronistas europeus, constam nos manuais da História do Brasil. Narrativas que dividem sistematicamente os habitantes da terra, a favor e contra franceses ou portugueses. Ou numa visão maniqueísta, distinguem bons e maus indígenas. Sabe-se que estiveram envolvidos holandeses, ingleses e até o alemão Hans Staten. Na percepção dos indígenas da época eram apenas tribos de brancos e negros vindos do outro lado do grande mar. Mesmo para a grande maioria do atual PODER ORGINÁRIO brasileiro são narrativas e leituras nebulosas, incompreensivas e obscuras como as florestas que cobriam o território nacional da época. A aparência destas narrativas é constituída de confusas cronologias de fatos e listas de nomes de seus agentes numa língua morta para esta maioria brasileira.


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Fig. 04 – A OCUPAÇÂO EUROPEIA do TERRITÓRIO BRASILEIRO Hans Staden

Os termos Aimberê, Araribóia, Maracujáguaçu, Mangaratiba, tupinambás, Pindobuçu, Koaquira, Uyba-tyba, Cunhambebe, Ariró, Guayxará, Taquarassu-tyba, goitacases, guaianeses, tupinambas ... não fazem o menor sentido para o presente, além de integrar textos de narrativas míticas e legitimadores da ocupação européia do atual território brasileiro. Servem mais como cortinas, para confundir, do que ajudar a compreender a época e o local da CONFEDERAÇÃO dos TAMOIOS.


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Fig. 05 – ALDEIA INDÍGENA BRASILEIRA Hans Staden

Restaram apenas narrativas mitificadas sobre indígenas que eram a FAVOR ou CONTRA a cultura lusa. Este maniqueísmo continua a existir, na prática diária e é conveniente para o processo de exploração da mais valia de quem não possui voz e vez. No contraditório os ANTIGOS da TERRA, diante desta cegueira e surdes do europeu, a aferrar-se também, por sua vez, à mitificação de um legado transmitido oralmente e que lhes confere uma autonomia de favela e do quanto pior, melhor.


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Fig. 06 – INDÍGENA BRASILEIRO Hans Staden faz pensar no “Erro de português de Oswald de Andrade »Quando o português chegou Debaixo de uma bruta chuva - Vestiu o índio
Que pena! Fosse uma manhã de sol O índio tinha despido O português
”.
Erro de Português”. Oswald de Andrade. In: CARUSO, Carla. Oswald de Andrade. São Paulo: Callis Editora, 2000, p. 45.

Pouco importava, para o indígena brasileiro da época, as divisões dos brancos entre si. Apenas sabiam que estes invasores vinham do além do profundo oceano. As divisões dos invasores lhes eram estranhas e sem o menor sentido. Percebiam apenas que invadiam os seus campos e territórios de caça das tribos.

Na prática o indígena brasileiro, do século XXI, goza dos mesmos direitos e legitimações que tinha em 1500. Direitos desrespeitados, na prática diária. Ele conquistou, na base de uma resistência silenciosa continuada ao longo de meio milênio, o pouco que pode manter da sua terra, identidade e de honra.


http://pt.wikipedia.org/wiki/Maximilian_zu_Wied-Neuwied

Fig. 07 – INDÌGENA BRASILEIRA da época da Independência do Brasil e registrado por uma expedição científica européia è possível perceber a lenta e inexorável migração indígena, das costas do Atlântico, para o interior brasileiro

O exemplo que sangra e inflama opiniões, ainda em 2011, encontra–se na terra indígena é território tradicional dos povos Makuxi, Wapixana, Ingaricó, Taurepang, Patamona e Sapará na terra denominada de Raposa Serra do Sol no longínquo de Roraima e profundo território do hemisfério norte do Brasil. A mídia e as narrativas percebe e trata ainda o tema, apenas o perigo que interesses norte-americanos e brasileiros poderiam decorrer destes conflitos. Pouco importa a sorte e o destino dos “pobres bugres” em relação aos quais não há interesse maior do que a posse de sua terra. Terra da qual se quer, agora, o usufruto ao limite máximo, intensivo e pontual da monocultura ao modelo industrial e do geneticamente modificado.

No entanto existe um sentido claro e inconteste de que a CONFEDERAÇÃO dos TAMOIOS determinou e continua vigente na NÃO ESCRAVIDÃO INDÍGENA BRASILEIRA, apesar abolida oficialmente em 1595 e das numerosas tentativas de trazê-lo ao regime da pura servidão. Se de um lado teve este resultado da autonomia indígena frente à heteronomia da força do seu trabalho e cultura face ao europeu, de outra instaurou a AUTONOMIA de FAVELA indígena. Como sempre estas narrativas também foram criadas ou transcritas pela ótica e mediação do vencedor.


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Fig. 08 – INDÍGENA BRASILEIRA As lutas entre as tribos e etnias num mapa europeu do Brasil

No contraditório busca-se distância de qualquer LOUVAÇÃO da cultura e da permanência do status indígena brasileiro. Evidente que esta cultura havia atingido um grau de grande refinamento nas suas interações com Natureza brasileira e a sustentabilidade desta interação era praticada e vivida por gerações a perder de vista ao longo de milhares de anos. Contudo era a infra-estrutura e a lógica cultural do coletador e do caçador. Se fixarmos o olhar para o território da qual a atual cidade de São Paulo é centro e metrópole, consta-se que os indígenas, que ali viviam, antes do ano de 1500, eram uma escassa centena de indivíduos e que se sustavam precariamente com a caça e alguma coivara. Quinhentos anos depois os habitantes no mesmo território são contados aos milhões. Possuem nível e dignidade de vida bem superior ao que revelam os sambaquis. Entre estes milhões de habitantes, certamente milhares ou milhões possuem aspecto fisionômico e trazem, no seu código genético, fortes traços dos primitivos habitantes da região. Certamente estes não sonham em retornar a vida é à cultura dos seus próprios antepassados.


Albert ECKHOUT - Dança dos Tapuias

Fig. 09 – O INDÌGENA BRASILEIRO registrado pelo artista da Missão de Maurício NASSAU

Sem defender nem saudosismos e nem procurar legitimar todas as formas nas quais se realizou esta ocupação do campo de caça busca-se o GRITO abafado dos ANTIGOS da TERRA [ta moios], no meio deste torvelinho de milhões de habitantes. Sempre cabe a todos conhecer, reconhecer e adotar a sua origem.

Nesta origem procura-se conhecer, aqui, as razões, a narrativa, os meios pelos quais os ANTIGOS da TERRA [ta moios] tentaram unir tupis, aimorés, guaranis e outras nações diante do avanço dos europeus. No entanto, estes ANTIGOS da TERRA não conseguiram a união que se imaginavam. Mesmo assim fizeram frente aos invasores e predadores dos seus campos de caça. Posses sem fronteiras formais e estáveis, mas conquistados duramente pelos antepassados destes caçadores. Estes venceram culturas de coletadores nômades que usavam estes em eventuais ocupações. O europeu pastor, agricultor vinham com projeto sedentário e que perturbava a lógica e a infra-estrutura da cultura dos caçadores.


Albert ECKHOUT - Caça dos Tapuias

Fig. 10 – O INDÌGENA BRASILEIRO registrado pelo artista da Missão de Maurício NASSAU

Os europeus não se defrontaram no atual território do Brasil com impérios com tradições de alto grau intelectual, consolidadas pela escrita e testadas como aquelas que os espanhóis encontraram no atual México ou Peru. Diante da cultura como dos INCAS e dos ASTECAS impôs a implantação imediata da Universidade.

O indígena, que ocupava o atual território de Brasil, em 1500, não necessitava, não queria e nem era prioridade o funcionamento de uma UNIVERSIDADE européia ao estilo do que ocorreu no México e Lima.

Os caciques percebiam a necessidade de preparar os seus descendentes para o mando. Nas escolas dos jesuítas encontravam o essencial por um pequeno refinamento da inteligência e o treino competência da fala. Mas uma universidade já era exagero. Exagero que favoreceu o europeu. De um lado por manter esta instituição na metrópole onde podia preparar mais um administrador de sua colônia. Do outro lado evitava qualquer suspeita, contestação ou revolta articulada frente as métodos administrativos de sua colônia. Para o Jesuíta a cooptação dos caciques, por meio dos seus filhos, era um precioso instrumento de dominação das almas e dos corpos da massa indígena.


CORREIO do POVO – Porto Alegre RS em 19 de julho de 2011 CADERNO CIDADES p. 1

Fig. 11– INDÍGENA BRASILEIRA ATUAL: entre um projeto em Ruínas do seu passado numa Redução e carregando a esperança que os eu artesanato seja absorvido pela industria cultura futura.

As imensas forças do mundo físico como do magnetismo ou as forças morais não fazem ruídos e agem sem estardalhaço e coerentemente com as suas energias.

O PODER OORIGINARIO também é um imenso potencial de forças que agem e destroem todos os discursos e vingam-se silenciosamente contornando profetas, políticos ou pretensos empresários deixando-os falar, berrar e morrer nas suas neuroses mal elaboradas e pior conduzidas...

Só recebe Justiça aquele que chegar ao tribunal com um processo escrito bem instruído e com bons advogados na lógica da cultura européia. Para o indígena não existe tribunal e a sua lógica da Justiça segue a lógica da oralidade e do testemunho visual presencial e concreto.


Fig. 12 – ARTE INDÌGENA BRASILEIRA ATUAL com forte vinculo telúrico com apelo para indústria cultural

FONTES

CONFEDERAÇÂO dos TAMOIOS

http://pt.wikipedia.org/wiki/Confedera%C3%A7%C3%A3o_dos_Tamoios

http://pt.wikipedia.org/wiki/Arariboia

http://www.clerioborges.com.br/temiminosarariboia.html

EDUCAÇÂO na COLÔNIA (1549-1570)

MATTOS, Luiz Alves de. Primórdios da Educação no Brasil: o período heróico (1549-1570). Rio de Janeiro: Editora Aurora, 1958

GRAMÁTICA TUPI GUARANI

ANCHIETA, José de (1534-1593). Arte da gramática da língua mais usada na costa do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1933.

GRAMÁTICA GUARANI de Antônio Ruiz MONTOYA 1585-1652

http://www.brasiliana.usp.br/bbd/handle/1918/02309600#page/13/mode/1up

HANS STADEN

http://www.brasiliana.usp.br/bbd/search?&fq=dc.contributor.author%3AStaden%2C%5C+Hans%2C%5C+ca.%5C+1525%5C-ca.%5C+1576

MAPAS HISTÓRICOS - AMÉRICA do SUL e no BRASIL - imagens color

http://picasaweb.google.com/myoldmaps

PRINCIPE Maximilian WIED NEUWIED

http://pt.wikipedia.org/wiki/Maximilian_zu_Wied-Neuwied

RORAIMA – Terra Raposa Dourada

http://www.socioambiental.org/inst/esp/raposa/?q=artigos-assinados&page=4

http://www.revistamissoes.org.br/artigos/ler/id/1728

domingo, 24 de julho de 2011

NÃO FOI NO GRITO - 005

Ah, como dói viver quando falta a esperança !

Manuel Bandeira

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/manuel-bandeira/desesperanca.php

O SILÊNCIO da DESESPERANÇA

ou

- do que falam os muros em Porto Alegre-RS em 2011 ?.

Os piores inimigos são os OCULTOS, para Lucius Sêneca (04 a.C- 65 d.C). Para estes inimigos ocultos não estamos preparados como numa GUERRA ou como na PAZ. Com eles não estamos numa GUERRA aberta e declarada e nem nos podemos conduzir, diante deles, na confiança que a PAZ nos inspira. Diante desta constatação não nos devem assustar apenas os grandes conflitos declarados, evidentes e noticiados pela mídia. O que nos deve assustar são os inimigos ocultos, que até podem morar conosco e serem por nós alimentados.


Foto de Círio SIMON em 23.07.2011 de um muro público do bairro Patenon de Porto Alegre

Fig.01 – O inimigo oculto que espia as fraquezas da democracia e cuja vitima preferencial é o cidadão temerário que acredita que as instituições iram protegê-lo sem que ele faça nada por elas.

O inimigo oculto é aquele que espia sobre os muros e nem podemos ver as suas armas nem identificamos a sua origem e intenções. Inimigo oculto que está pouco interessado em saber quem somos, o que fazemos ou deixamos de fazer. Se não encontra culpa a irá buscar em nossos antepassados, como o lobo que quer devorar o cordeiro sob qualquer pretexto. Inimigo oculto e simulado que irá encontrar este pretexto, do seu ataque desproporcional e brutal, na cor da nossa pele, na etnia, da crença, cultura ou da ideologia... que não coincidem, ponto por ponto, com a sua própria.


Foto de Círio SIMON em 23.07.2011 de um muro público do 4º Quarto Distrito de Porto Alegre

Fig.02 - Recado de um zumbi do Tio Platão que ainda é adorado e seguido pelo cortejo de todos os totalitários, dos sistemas iluminados e que pretendem atualizá-lo na História Contemporânea como alguém diferente e digno de ser reeditado na prática do poder.

Se não consegue atingir a pessoa e nem é este interesse irá atingir o que nos é caro e pelo qual damos o trabalho e nos queremos mostrar civilizados.

No meio urbano sãos a paredes dos edifícios públicos, particulares ou onde pode ostentar a sua agressão, mesmo que seja só visual.

Ao tratar dos muros da nossa cidade há de se distinguir pichação de grafite. É de se distinguir apropriação indevida e a barbárie visual do contrato consentido e da valorização trazida por uma obra de arte mural.


Foto de Círio SIMON em 23.07.2011 de um muro particular com vista para a rua do Bairro Partenon de Porto Alegre

Fig.03 – Cidadão que pichou o seu próprio muro e que usa a lógica do sistema da oferta e procura da era industrial e da capitalismo para auferir o único lucro que ele julga poder tirar da democracia e cidadania.

Toda civilização que não consegue entender e elaborar em tempo as causas da barbárie que invade sorrateira e silenciosa as suas ruas. Esta civilização se comporta como uma cega, surda e muda diante da barbárie que força as portas dos seus lares será engolida por esta força silenciosa e sorrateira. Barbárie que não possui olhos, coração ou mente para classificar, a quem ataca, em menores, portadores de necessidades especiais, adultos, velhos, aposentados, mulheres ou homens. É apenas um alvo a mais sobre o qual é possível jogar a sua desesperança e agressão.

O tema da pichação ou “graffiti” não é novo. Se ele preocupa e chama atenção agora é mais hora de se preocupar com o que se esconde atrás desta expressão. Com toda certeza sãos as dores de mais um parto de outro mundo. Que os digam as pichações do Império Romano tanto na pornografia de Herculanum e de Pompéia ou as pinturas nas paredes de terra das catacumbas dos cristãos.

http://www.filologia.org.br/revista/artigo/10(29)06.htm

http://www.kke.org.br/palestras/dos_grafiteiros_de_pompeia_aos_pichadores_atuais

http://sobreahistoriadaarte.blogspot.com/2010/04/arte-crista-primitiva.html



Foto de Círio SIMON em 23.07.2011 de um muro particular com vista para a rua do Bairro Partenon de Porto Alegre

Fig.04 – Percepção urbana industrial dos produtos agre-pecuários que ele adquire em pacotes voadores de leite e consume nos shoppings movidos a dinheiro.

Mas não é sobre a parte formal que nos queremos deter e nem sobre as suas implicações de apropriações indevidas e desqualificações patrimoniais. Queremos entender a mensagem implícita nesta e em outras agressões, antes que seja tarde e ninguém mais possa deter esta avalanche de desesperança cultivada. Sêneca escrevia que o cultivo continuado da virtude ou dos vícios nos faz considerá-los com afeição. Esta afeição conduziu a História humana para períodos de Idades Médias, de barbárie e de trevas, muitos mais longos do que duram os esplendores dos Renascimentos que se resumiram a poucos anos ou meses.


Foto de Círio SIMON em 23.07.2011 de um muro do Bairro do 4º Distrito de Porto Alegre

Fig.05 – O Grande Irmão que brota do chão num mural numa parede de uma fábrica desativada do 4º Distrito de Porte Alegre

Certamente a democracia, a cidadania e o fluxo normal do poder e sua renovação permanente são virtudes. Virtudes pelas quais a nossa civilização busca todos os meios de nos afeiçoar a eles. Cabe sempre o alerta de Freud em relação ao “mal-estar que acompanha toda civilização” construída sobre uma natureza que se sente contrariada nos seus instintos básicos e forças primárias.


Foto de Círio SIMON em 10.07.2011 de um muro público do 4º Quarto Distrito de Porto Alegre

Fig.06 – A apropriação do dito cartesiano é dúbio e sem um sentido além daquele do encastelamento no seu EGO. Constrói uma fortaleza com muralhas e fossos contra qualquer mudança

Uma mentalidade inteiramente moldada e alimentada pela linha de montagem industrial quer agora resolver de uma única vez e com um único golpe todos os problemas com a sua esta mesma lógica. No máximo que esta mentalidade administra, media e percebe resultados na sua própria consciência taylorista, e que depois de todos os desatinos e temeridades sente-se em paz consigo mesma e com a consciência de dever cumprido. O OUTRO que se dane e a sua desgraça foi merecida pois não seguiu a trilha do iluminado, onipotente, onisciente, eterno e onipresente Cabe ainda aqui a filosofia mineira Guimarães Rosa quando (1963, p.18) escreveu “Querer o bem com demais força e de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal por principiar. Esses homens ! Todos puxavam o mundo para si, para concertar consertando. Mas cada um só vê e entende as coisas dum seu modo .


Foto do jornal SPIEGEL numa das suas páginas eletrônicas de julho de 2011

Fig.07 – Hitler com o seu Estado Maior sob a Torre Eiffel com um inimigo oculto e que subiu ao palco da História como mais um zumbi de Platão. Apoiado e seguido pelo cortejo de mentes totalitárias, forjando sistemas iluminados e que pretendem atualizá-lo na História Contemporânea como alguém diferente e modelo digno de Platão a ser reeditado nas práticas do poder total..

O pedido de Arquimedes pode ser adaptado para “ dai-me um ponto de apoio fora da linha de montagem industrial e moverei o mundo da aposentadoria”. Evidente que este ponto de apoio não pode ser pretexto para fuga do problema ou cair na vala comum da administração por cima para os OUTROS. Na universidade estranhamento e ponto fora pode iniciar pela reconsideração e aproveitamento das suas disciplinas que foram alijadas da linha de montagem industrial dos cursos profissionalizantes. Em geral são as Ciências Humanas que foram parar no lixo ou, no melhor das hipóteses, num almoxarifado enferrujado e poluído. Iniciando pela Educação que permita pensá-la fora dos cursos, dos programas e com ênfase na liberdade plena proveniente da busca da cidadania.


Foto de Círio SIMON em 23.07.2011 da fachada de prédio residencial do 4º Quarto Distrito de Porto Alegre

Fig.08 – HOMO-FABER vigilante trabalha dia e noite mesmo que o seu trabalho seja temerário, irônico e sem sentido para as necessidades básicas humanas. Este HOMO FABER não desconfia e nem sabe da lei da inércia que os motores e maquinas que se apropriaram do seu cérebro

A lógica de que a Educação exige MUDANÇAS é aquilo que mais assusta o candidato à estudante. Pois quem adquire um novo saber necessita enfrentar e conduzir-se de forma coerente com este saber que acabou de adquirir. A fuga, o escamoteamento e a sonegação desta coerência, invalidam e afastam definitivamente de toda, e qualquer, MUDANÇA. MUDANÇAS indispensáveis ao HOMO FABER e ao TIRANO ILUMINADO mas que ele não fará. SABER que impõe escolhas cruéis acompanhadas de rupturas epistêmicas radicais em termos filosóficos. Em termos de era industrial, ou mais preciso, numa era controlada numérica digital, ela impõe MUDANÇAS de “upgrade” de um sistema, que bem ou mal, levou, tanto o HOMO-FABER como o SISTEMA INDUSTRIAL ao estado atual do estatuto da nossa presente civilização.


Foto de Círio SIMON em 23.07.2011 de um muro público do 4º Quarto Distrito de Porto Alegre

Fig.09– O refúgio do HOMO-FABER é numa sonhada ditadura onde ele naturalmente quer o papel hegemônico. Esta disputa pelo poder acende as paixões, ódios e soluções radicais que as espécies vivas sempre encontraram para estabelecer o seu território do exercício pleno do poder.

O estatuto, da nossa presente civilização, leva consigo, nesta terminologia, a lógica e o comando de um software implantado subliminarmente na mentalidade individual e coletiva. Software para o qual o individuo se preparou, trabalhou e mereceu recompensas incluindo não só a sua sistemática remuneração como o direito de gozar desta conquista. Da parte da mantenedora destas recompensas ela esta construída nesta lógica e trabalha legalmente para honrar este contrato assumido com o individuo que participa de suas esperanças e frustrações. Afinal desde o início da era industrial o contrato social mantém em funcionamento estas engrenagens.


Foto de Círio SIMON em 23.07.2011 de um muro público do 4º Quarto Distrito de Porto Alegre

Fig.10 –O HOMO-FABER brotando do chão onde estava a fábrica,.revoltado em plena forma do BIG-BROTHER e ameaçador e controlador onipresente

Nesta escolha pela Era Industrial plena o HOMO FABER foi alienado dos resultados do seu trabalho e de todas as circunstâncias. Nestas concepções de Hannah Arendt estamos diante do inimigo oculto de Sêneca.


Foto do jornal CORREIO do POVO-RS-POA numa das suas páginas eletrônicas de julho de 2011

Fig.11 – O INIMIGO OCULTO ATACA em OSLO brotando do meio da multidão espalha terror e morte de inocentes.

Como inimigos ocultos e ignorados a Era Industrial e o seu HOMO FABER não estamos em guerra declarada com eles. São comensais e companheiros, que até podem morar conosco e que não temos argumentos para desconfiar ou nos assustar deles. De outra parte os estragos deste inimigo oculto e a obsolescência de gente e coisas, que ele provoca, são tantos que a nossa PAZ é uma reconstrução permanente. No contraponto todas as gerações humanas denominaram de GUERRA esta época da impossibilidade constante da PAZ.

FONTES TRADICIONAIS

ARENDT, Hannah (1907-1975). Condition de l’homme moderne. Londres : Calmann-Lévy, 1983

GUIMARÃES ROSA, João. Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro : José Olympio, 1963, p. 18..

Sêneca (04 a.C- 65 d.C) Da tranquilidade do ânimo, p.01

FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS


ASSASSINO de PROFESSOR ABSOLVIDO

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica-brasil-economia/33,65,33,12/2011/07/22/interna_brasil,262343/justica-absolve-aluno-que-matou-professor-dentro-de-universidade-em-minas.shtml

GRAFITE – lexiologia

http://pt.wikipedia.org/wiki/Grafite_(arte)

http://www.google.com.br/search?q=grafite&hl=pt-BR&rlz=1&biw=1236&bih=727&prmd=ivns&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=cv0pTsX9PI_AgQf32Kn6Cg&ved=0CDkQsAQ

http://ahvaah.blogspot.com/2011/01/grafite-3d.html

Jean-Michel BASQUIAT 1960-1988

http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Michel_Basquiat

MAIAKOVSKI –roubaram a flor
http://www.umacoisaeoutra.com.br/literatura/falsos.htm

PICHAÇÂO

http://pt.wikipedia.org/wiki/Picha%C3%A7%C3%A3o

DESCONSIDERADO HINO RIO-GRANDENSE

http://www.correiodopovo.com.br/Impresso/?Ano=116&Numero=295&Caderno=0&Editoria=114&Noticia=318663

FURTO do NANETTO PIPETTA

http://www.correiodopovo.com.br/Impresso/?Ano=116&Numero=295&Caderno=0&Noticia=318544

http://pt.wikipedia.org/wiki/Vita_e_St%C3%B2ria_de_Nanetto_Pipetta


Imagem do jornal eletrônica da rede GLOBO veiculadas publicamente em 22 de julho de 2011

Fig.12 –O HOMO-FABER do terror anônimo e sem rosto conhecido valendo-se da mídia para intimidações de sua vítimas que ele escolhe com alvos sem lhes declarar guerra formal..

Este blog continua o uma série de matérias relativas às circunstâncias do BICENTENÀRIO do BRASIL, em 2022, e as implicações de sua SOBERANIA no inicio da 2ª década do século XXI em especial no que se refere ao PODER ORIGINÁRIO NACIONAL visto a partir de Porto Alegre - RS.


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