segunda-feira, 29 de agosto de 2011

NÃO FOI NO GRITO - 011

As RUIDOSAS PROMESSAS de ADOLESCENTES e as

INDEPENDÊNCIAS no NOVO MUNDO.

Este blog está investigando o período de preparação da independência brasileira e as condições da afirmação de sua identidade e soberania. As diversas fases de uma identidade nacional podem ser comparadas às fases que a pessoa humana atravessa na sua existência.

As promessas que precederam a independência brasileira podem ser vistas como as ruidosas e solenes promessas de adolescente e as flores da primavera. Não são, no entanto, as maiores e as mais perfumadas flores que produzem os maiores e os mais saborosos frutos. Alem disto as flores da juventude humana necessitam submeter-se voluntariamente à dolorosas provas de sua capacidade para entrar no mundo adulto e provar pertencimento e fecundidade nas adversidades.


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Fig. 01 – Jovem indígena submetido a provas das formigas

A passagem da infância para a adolescência, além das provas de iniciação para a vida adulta, também é uma período em que uma determinada cultura se reproduz. Se as colônias americanas passaram a sua infância sob a tutela colonial, a passagem para a vida adulta significou um prolongamento da cultura européia. Assim Portugal e Espanha, que mantiveram esta tutela colonial, não devem em repudiados. Apesar de psicanalistas falarem que o filho só entra na vida adulta quando enterra os pais, de outro lado este filho constitui um prolongamento dos que se vão.

Portugal e Castela já há muito haviam mitificado a sua própria infância nacional que passaram nas mãos dos pais romanos e dos mouros. Da mesma forma Roma mitificara os pais etruscos e os gregos a sua infância nas mãos dos miscênios e monóicos.


Fig. 02 – Jovem atenienses submetido a provas das touradas em Cnossos na Ilha de Creta

Em 1811 as colônias americanas sentiam-se como adolescentes diante das constantes brigas dos seus antigos pais ou educadores lusitanos e castelhanos. Estes procuravam livrarem-se atordoados das mãos de Napoleão Bonaparte e os dos interesses franceses.


http://www.war-art.com/maida.htm

Fig. 03 – Soldados Franceses nas suas marchas pela Europa e África

Castela e Portugal, vigiados constantemente pelo mundo britânico, empurravam as antigas colônias para que tomassem rumo soberano. Estas colônias, uma vez perdida a identificação com os interesses dos seus antigos colonizadores, deveriam envergar as asas dos sonhos e viajar para o mundo da soberania. A Europa, com a sua nova divisão - pelo Congresso de Viena - não se sentia atraída particularmente pela América. As antigas colônias pareciam-lhe agora territórios de comércio dos produtos das suas máquinas da nova era industrial e lugar para aquisição vantajosa e barata de insumos para as suas fábricas.


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Fig. 04 – Ingleses negociam na CONVENÇÃO de SINTRA

Se a indústria e comércio da França não tinham a habilidade e a paciência do empresário e representante inglês (Arsène Isabelle) os ingleses faziam penetrar em todos os caminhos do Novo Mundo os produtos de sua 1ª era industrial. A grande Londres havia ultrapassado, em 1810, a marca de um milhão de habitantes. (CORREIO BRAZILIENSE LONDRES - SEPTEMBRO, 1811. VOL. VII. No. 40 p. 394/5).


http://www.wikipaintings.org/en/francisco-goya/the-duke-of-wellington-1814

Fig. 05 – Duque de Wellington ( Arthur Wellesley 29.04.1769-114.09.1852) por Francisco Goya

O Novo Mundo ganhava mais vida e movimento da primavera após a passagem da borrasca colonial. O período constitui a passagem do mundo monolítico coletivo para o triunfo do EU. O mundo coletivo do Ancien Regime, expresso no barroco, enfrentava a atomização individual perceptível na arte do Romantismo da época. Assim as individualidades nacionais também aspiravam à sua identidade e o EU nacional buscava afirmar-se no concerto das outras nações.


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Fig. 06 – Os tesouros lusitanos cobiçados por ingleses e franceses

Certamente não podemos culpar a Natureza pelas suas promessas. O equívoco é de quem continua a ler, interpretar e agir apenas, e tão somente, pelo GPS ou bússola magnetizadas pelo seu próprio EU e pelos seus próprios interesses. Nestas condições o engano da leitura e o equívoco da ação correm por risco e conta de quem interpreta mal os signos

http://www.guardian.co.uk/artanddesign/gallery/2011/aug/13/exhibitionist-art-shows#/?picture=377804034&index=4 The GUARDIAN - 13,08.2011 foco

Fig. 07 – O clima e o foco produzem a percepção e a conseqüente narrativa favorável a quem maneja e orienta o foco da luz . Mesmo quem está no palco da História, na maiorias da vezes é ais vitima do que ator interpretando e conduzindo a cena.

A culpa não cabe ao adolescente. Há necessidade de distinguir o potencial genético de um humano que ele possui e do qual é herdeiro e toda cultura humana a ser adquirido. Este adolescente necessita construir todo o seu repertório no qual ele possa incluir toda a cultura que a humanidade adquiriu durante milênios. E os limites entre a carga genética e cultural não são dados e nem claros.


http://www.me.gov.ar/efeme/17deagosto/caminoxperu.html

Fig. 08 – Independência do Peru 28-.07.1821 San Martin se dirige ao povo

A carga genética de uma nação de sua população necessita adquirir o lado cultural que a mantém na soberania e consiga se reproduzir pó si mesmo. Os impulsos juvenis das promessas que precederam a independência brasileira cumpriram o seu papel para desencadear o processo. Contudo o deflagrar deste processo segue a lógica da explosão em cadeia: destrói sem construir nada

Para esconjurar esta destruição em cadeia é necessária uma cultura, consciente de suas competências e seus limites para prometer somente o que pretende e pode cumprir. Uma sociedade contratual não pode ser guiada exclusivamente pelo sentimento de eternidade e de onipotência do adolescente sem conhecer os reveses do dia seguinte.

No contraditório todas as místicas mantém os seus fiéis unidos entre si, ao retirar qualquer concretude, ao jogar a sua mensagem para cima e para fora do tempo e do lugar do aqui. Assim os impulsos juvenis cumpriram o seu papel para desencadear o processo das promessas que precederam a independência brasileira. O fantástico instrumento das cinco rezas voltadas para o nicho vazio do mirahbe orientado para Meca. O ocidental , na sua busca de concretude não aceita o nirvana ou um deus inominável.

A cultura ocidental, e a latina, não escapam de jogar a sua mensagem de cima e para fora do tempo, do lugar e que mantém esta cultura com certa coesão e lógica. A cultura ocidental, e em especial a latina, insistira sempre no vazio da obediência devida. Ela sempre educou e treinou para este vazio e imponderável Normalmente a obediência é indevida. A cultura e as ideologias servem para criar uma blindagem para que esta falsidade não seja descoberta em tempo.

Evidente que não se trata da anarquia. A mentalidade da anarquia é aquela que consegue a mais absoluta eficácia em jogar a sua mensagem de cima e para fora do tempo e do aqui.

Trata-se de descobrir a natureza, competências e limites desta blindagem para transformar em complementaridade as contradições. Transformação instituída em processo continuado em todos os tempos, lugares e em tempo real. Transformação exigindo inteligência amadurecida e vontade em vigilância continuada, pois lida com massa crítica e viva.


http://www.enlacesuruguayos.com/33.htm

Fig. 09 – Independência do Uruguai - Juramento dos 33, em 19.04.1825 por Juan Manuel BLANES 1830-1901 - - pintura 311 x 564 cm – 1877. Este momento é parte de longo ciclo do processo da independência Republica do Uruguai - que vai de 1811 até 1828 – e que esta República está recuperando coletivamente com o objetivo de realizar as suas potenciais conexões com o seu presente.

Os impulsos naturais do entusiasmo utopista, o perfume das flores da juventude e as blindagens das ideologias exigem o contraponto da inteligência amadurecida e da vontade em vigilância continuada. Certamente o equilíbrio não está no meio termo. Mas numa coerente homeostase de equilíbrio de forças das quais a desconsideração e o afastamento de um dos vetores, por menor e menos visível, compromete todo o conjunto.


http://www.bicentenario.gub.uy/seccion/noticias/

Fig. 10 – Bandeira dos Trinta e Três Orientais a vida como preço da liberdade. A Republica do Uruguai está recuperando coletivamente o processo de sua independência - que vai de 1811 até 1828 - para realizar as suas potenciais conexões com o seu presente.

Assim flores, perfumes, ideologias convergem para a inteligência, vontade e direito.

O melhor elogio da REVOLUÇÂO FRANCESA veio do Dalai Lama no início do século XXI::

- Ainda é cedo para julgá-la.

Conhecemos os seus lideres, os seus gritos e feitos ruidosos. Mas ainda não conhecemos as suas forças subterrâneas, as suas dúvidas e o poder originário. Este apenas foi empacotado, esquartejado e as suas partes divididas entre esquerda e direita.

No entanto a geração mais antiga necessita deixar um universo, uma cultura e um mundo que façam ainda sentido universal para inseminar e fertilizar as flores de uma nova geração que está atingindo as fronteiras de sua reprodução física, mental e cultural.



http://christ-roi.net/index.php/Sans-culottes

http://www.not1.com.br/revolucao-francesa-fatores-contexto-consequencias-fases-e-lema/

Fig. 11 – Lemas, símbolos e bandeira da Revolução Francesa

O filme argentino “MEDIANEIRAS”, ganhador de Festival de Gramado-RS de 2011, relativo ao URBANISMO e ARQUITETURA de BUEOS AIRES, mostra o MEIO urbano atual, tornando-se a MENSAGEM. MEIO urbano no qual procede e vive o estudante que mostra uma das cidades mais cultas e ricas da América Latina e das quais as outras da região raramente fogem. Fica a pergunta o que a UNIVERSIDADE pode fazer por este jovem?



http://josekuller.wordpress.com/2010/01/24/a-sombra-de-maio-de-1968/

Fig. 12 – A periódica renovação das revoluções dos jovens, apesar da sua efemeridade e o retorno aos estados entrópicos anteriores, permite uma momentânea afirmação de identidade e marcam passagens para estágios mais adultos onde estas celebrações coletivas são lembradas como pontos de origem e afirmação social

Assim não há nada contra as numerosas, as grandes e as perfumadas flores da juventude. Ao contrário elas sã necessárias pois possuem o dom de manter acesa a esperança contra todas as evidências da esterilidade predominante numa sociedade ou cultura. As obras de arte, a poesia, os projetos possuem as suas raízes nesta esperança contra todas as evidências. As suas simples desconsiderações ou o seu sistemático extermínio só aumentam a esterilidade de uma cultura. Esta esterilidade aumenta, e torna-se absoluta, na projeção de uma cultura para além do seu lugar e seu tempo.

Fig. 13– O evento de WOODSTOCK dos dias 15-19 da agosto de 1969 foi mais uma das periódicas renovações das revoluções dos jovens. Neste evento estavam vibrando os jovens que iriam realizar os primórdios da revolução da Informática Assim ele é visto como marco da passagens para estágios mais adultos onde estas celebrações coletivas são lembradas como pontos de origem e afirmação social

Foram as especiarias e os perfumes do Oriente que guiaram os navegadores portugueses a empreender as suas perigosas viagens em mares desconhecidos e traiçoeiros. Especiarias e perfumes que os enriqueceram depois.




http://www.infoescola.com/historia-do-brasil/emenda-constitucional-dante-de-oliveira/

Fig. 14– Uma das revoluções dos jovens brasileiros foram as sucessivas campanhas da DIRETAS JÀ dos anos de 1983 e 1984. As multidões dos jovens nas praças foram construídas ao longo de 20 anos de Chumbo e arbítrio. Estas efemeridades retomaram uma momentânea afirmação de pontos de origem e afirmação social de uma identidade e marcam passagens para estágios mais adultos da vida nacional .

Foram as buscas do desconhecido e da emoção de chegar primeiro ao espaço cósmico externo que guiaram e motivaram a construção de complexos engenhos e sofisticados programas para guiá-los nesta aventura inédita da humanidade. Engenhos e programas que mudaram radicalmente a pós-modernidade.

Contudo na busca de momentos, de gestos decisivos e de rupturas com o passado, contata-se, num olhar retrospectivo, que as condições da afirmação da independência brasileira, de sua identidade e da soberania, fazem parte de um longo processo. Processo que se desenvolveu em períodos de preparação, de execução e de consequências de longa duração. Assim o Brasil e as Américas não passaram da heteronomia para a soberania num único grito isolado e personalizado. E sim num processo longo, difícil e doloroso. É este processo que é necessário recuperar - num todo e coletivamente - para realizar as suas potenciais conexões com o presente.

FONTES NUMÉRICO DIGITAIS

OURO DE LIBOA e a CONVENÇÃO de SINTRA

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNYRsyQBc6ozlM30qlvOAnBFUyG5HM1w6bpVrNij465lrvyLfLi9FgFHy7OKzw6re_Ixj8chGJFD5crrZajj_5UAAJDh1mjFAurGo7rYtjweiM8ifIwpcqd36CH6XIV5UFwOy_2CQZzhzp/s1600-h/convencao-de-sintra.jpg

http://www.cm-obidos.pt/Manchete/FicheirosDownload/20080815151fb8.pdf

MEDIANEIRASum vídeo de rara qualidade artística e técnica que mostra o atual URBANISMO e ARQUITETURA de BUENOS AIRES

http://www.youtube.com/watch?v=6qwthmj6KzY&feature=related

REVOLUÇÃO FRANCESA

http://www.not1.com.br/revolucao-francesa-fatores-contexto-consequencias-fases-e-lema/

200 anos do CORREIO BRAZILIENSE

http://www.almanaquedacomunicacao.com.br/artigos/215.html

DOCUMENTOS VENEZUELANOS

http://www.franciscodemiranda.org/colombeia/

BICENTENÁRIO do URUGUAI

http://www.bicentenario.gub.uy/seccion/noticias/

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