segunda-feira, 3 de junho de 2013

NÃO FOI no GRITO 073


BRASIL JUNHO de 1813 e JUNHO de 2013
CRÉDITO PÚBLICO e um ATRAVESSADOR.
A convicção dos homens não admite coação; pelo contrário esta produz a obstinação, e o aferro á opinião que alguém tem, ainda que o temor possa algumas vezes obrigar o individuo a obrar contra a sua persuasão
CORREIO BRAZILIENSE, nº 061 – Junho de 1813, p. 716.
James GILRAY 1758-1815 “Tempo muito escorregadio” 1808
Fig. 01 – O cavalheiro, apesar  de todos os cuidados, escorrega tentando salvar o seu barômetro que a avisa da condições adversas. Ao seu redor a sociedade se industrializa e não dá menor importância a desastrado que esparrama o seu dinheiro e plena calçada.
Num banco o crédito e a confiança são essenciais. Porém na medida em a propaganda e marketing realizam montagens desta mesma confiança e deste crédito. Quando as suas vítimas descobrem o logro o pilantra já vai longe e em segurança nos paraísos fiscais. Porém o mais comum é que mediadores, atravessadores corrompem os contratos sem levantar suspeitas e agem solertes nos seus interesses no interior e sob a proteção da instituição bancária. As fortunas particulares e as garantias governamentais nada significam nesta montagem. Montagens e paraísos fiscais que destroem a logica administrativa e comprometem a própria governabilidade de grandes e pequenos estados. Evidente que o lucro fácil, a fuga dos impostos devidos e o sigilo são atrativos para todos os lados menos para o bem estar coletivo e de quem fato produziu este capital. Em junho de 1813 era o escravo brasileiro que produzia este capital. Nos dias atuais ele é produzido pela imensa mão de obra aviltada e presa em “generosos” cartões de crédito.
Georg CRUIKDANK 1792-1878 SOCIEDADE
Fig. 02 – OS CLUBES BRITÂNICOS constituíam uma forma de organização do Poder Originário.  Além do intuito social e esportivo forneciam oportunidades e valiosos contatos para as associações financeiras  e o mundo dos negócios.
CORREIO BRAZILIENSE nº 061 – Junho de 1813 pp. 714-717
COMMERCIO E ARTES.
Estabelicimento do Banco no Rio-de-Janeiro.
XXL UTILIDADE de um banco nacional, e dos banqueiros, particulares, he taõ conhecida nos melhoramentos que se tem introduzido no Commercio da Europa, que naõ julgamos necessário demorar-nos em provalla. A experiência dos bancos dc Amsterdam, de Hamburgo, da Inglaterra, dos Estados Unidos, põem esta matéria em tal clareza, que ninguém ja duvida das vantagens que o commercio tira destes estabelicimentos. Mas esta mesma experiência, quando naõ fosse o mero racionio, que assim o demonstra, ensina, que os bancos sejam nacionais sejam de particulares só podem ser úteis, so podem manter áos individuos negociantes com soccorros pecuniários, em tanto quanto sustentam o seu credito ; porque o principal, e mais interessante fundo de um banco, consiste no seu credito ; ou, por outros termos, na opinião que o publico faz da punctualidade de seus pagamentos, e cumprimento de seus ajustes.
Georg CRUIKDANK 1792-1878 Monstruosidades 1818
Fig. 03- A era industrial dedicou-se a gerar novas necessidades. A fabricação de tecidos, as manufaturas e enfim a moda tornou-se extravagante que a pragmática sociedade britânica soava como ridícula. A indústria e comércio redesenhar as modas de todos os povos. Sobre esta necessidade criaram a “ciência” do Folclore, em 1846.
Todos clamam por uma educação universal. Contudo numa meia cultura a propaganda e marketing são devastadores. A meia cultura é o paraíso no qual os mediadores e atravessadores erguem suas tendas e onde podem realizar montagens sem levantar suspeitas.
Vejamos até que ponto estas doutrinas saõ aplicáveis ao Banco Nacional do Rio-de-Janeiro. No primeiro estabelicimento daquella útil instituição, se deo ao Banco do Rio-de-Janeiro o seu regimento por Authoridade Reggia: nada ha mais necessário, e conveniente ao fim de um Banco Nacional: depois incumbio-lhe o Governo a administração das importantes rendas chamadas contractos, dos diamantes, páo Brazil, Marfim, & c ; o que juncto aos outros fundos, dava ao Banco um certo character de respeitabilidade mercantil, que devia contribuir immenso para o seu credito, tanto no interior como no estrangeiro.
A isto se ajunctou a importante e essencial cláusula de que o Governo se naõ intrometteria com as operaçoens do banco, nem com os objectos de sua repartição.
Georg CRUIKDANK 1792-1878 Obra de Baco 1860
Fig. 04 - O Império Britânico atingiu o seu apogeu ao longo do reinado (1837-1901) da Rainha Vitória (1819-1901). Fruto de acúmulo de pessoas, de máquinas e de matérias primas, carreou para Londres, imensos capitais reproduziam-se na medida em que eram ostentados e sob uma rígida disciplina financeira.
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A distância entre as boas ideias a sua colocação no mundo prático. “O demasiado bem querer e de incerto jeito já temos o mal por principiar” escrevia o mineiro Guimarães Rosa. Assim o Banco que o Brasil iniciava após trezentos anos de regime Colonial nascia corroído, por dentro, pelos aproveitadores de sempre em posições privilegiadas.
Naõ obstantes as boas ideas, com que se concebeo este plano, deram-se passos na practica, que nós previmos aquelle mesmo tempo que seriam a ruina do credito do Banco; e os seus effeitos tem completamente justificado a nossa infeliz predicçaõ. O banco nomeou, como tinha direito de fazer, os seus agentes em Londres, para lhe administrarem os contractos de sua incumbência: deram-se as ordens tanto pelo Governo como pelo Banco, para pôr em execução esta nomeação; porém o Embaixador Portuguez era Londres naõ quiz estar por isso, nomeou a quem lhe pareceo para esta administração, e o privilegio concedido ao banco ficou somente no papel.
Fig. 05 – A corrupção da moeda sempre teve os “falsos moedeiros” para enganar a boa fé No século XX o gráfico SALOMON SMOLIANOFF, nascido na Rússia, em 1897, produziu cédulas falsas  do erário germânico.  Descoberta a sua habilidade foi coagido a produzir cédulas falsas do erário britânico para os nazistas. A imitação e a impressão eram tão perfeitas que levou a descoberta do golpe. Após a guerra refugiou-se em Porto Alegre onde produziu alguns quadros e veio falecer em 1976.
Acustumados, como nós estamos, a ver o modo porque os Negócios de Portugal saõ conduzidos em Londres, achamos aquelle procedimento do Embaixador taõ natural, que naõ nos causou a menor admiração ; mas naõ podemos deixar de nos indignar contra o modo indecente porque elle poz em practica a sua opposiçaõ áo banco do Rio-de-Janeiro ; e contra o desprezo que aquelle altivo ministro mostrou ás Ordens Supremas de seu Soberano, a este respeito. Também naõ podemos deixar de notar as funestas conseqüências daquelle procedimento no credito do Banco; porque, se um mero individuo fora de Portugal, sem sombra de authoridade, de poder, nem de jurisdicçaõ; de mero facto, e própria vontade, d;iva um taõ profundo golpe aos privilégios do Banco, á face do mundo commercial*; ¿ quanto naõ deviam recear os particulares, de que o mesmo Governo Portuguez se deliberasse algum dia a lançar maõ de parte ou de todos os fundos que o mesmo banco possuísse ? He indifferente que o Governo o faça, ou naõ, que o tenha feito, ou naõ ; que o premedite fazer ou naõ; basta este temor no publico para que ninguém queira arriscar os seus haveres neste Banco.
He justo que digamos aqui a nossa opinião a este respeito; e he que S.A. R. nunca soffrerá que se desviem os fundos do banco, nem se alterem os principios de sua administração commercial; e assim somos de opinião, que, vistos estes sentimentos do Príncipe, nenhum Ministro no Rio-de-Janeiro se atreverá juncto a elle a obrar cousa que injurie o credito do Banco; qualquer que tenha sido o procedimento de um ministro, que, por estar longe, e por outros motivos que elle Ia sabe tractou de bagatela as ordens de seu amo, e a importância do credito de um Banco Nacional. Mas por mais persuadidos que nos estejamos disso, os mais naõ o estaõ; e o temor de perder o que he seu, fará sempre que os individuos se recusem a depositar os seus fundos num Banco, em quem naõ confiam.
LONDRES 1926 - documentário em GASPAR COLOR multidão
Fig. 06- O acúmulo de pessoas, máquinas e matérias primas em Londres continuou a crescer. Com esta multidão, imensos capitais reproduziam-se na medida em que eram ostentados e sob uma rígida disciplina financeira apropriada.
O papel da imprensa é a circulação contínua de informações fidedigna na sua eterna vigilância e  na busca  da luz da verdade. O Correio Braziliense abastecia-se em diversas fontes num ambiente onde havia vários jornais. Inclusive aqueles que oferecia o contraditório. É isto que é possível ler no texto a seguir:
Induzio-nos a fazer estas observaçoens, a noticia de que o Governo do Brazil, naõ só ordenou a certas corporaçoens publicas, mas até a alguns individuos, a que depositassem os seus fundos, e entrassem com acçoens para o banco. Esta medida longe de fazer bem, ou remediar o mal que principiou o Embaixador era Londres, naõ pôde deixar de o aggravar ; porque o credito do banco depende da convicção dos individuos sobre a punctualidade dos pagamentos do mesmo banco; óra a convicção dos homens naó admitte coacçaõ ; pelo contrario esta produz a obstinação, e o afferro á opinião que alguem tem, ainda que o temor possa algumas vezes obrigar o individuo a obrar contra a sua persuasão.
Conhecendo, pois, as boas intençoens de S.A. R. a este respeito, e a grande utilidade que se pode seguir ao commercio do Brazil, daquelle estabelecimento de um banco nacional; nos aventuramos a recommendar, com muitas esperanças de bom êxito, a adopçaõ de um systema de medidas, que, remediando o mal que o Embaixador fez, melhore progressivamente o credito do Banco. Isto já se naõ pode obter de um golpe ; porque aquelle facto dos diamantes está ainda na lembrança de todos; mas gradualmente he mui possivel melhorar as cousas, havendo o maior cuidado em que o Governo naõ tenha outra ingerência com os negócios do branco se naõ em ver que naõ negoceie em objectos que saõ alem de sua competência.
Fig. 07 – Os gastos suntuários e francamente deletérios para a economia fazia parte da cultura do romantismo. A busca do exótico, as viagens por ambientes curiosos e fora da rigorosa  economia anglo saxã encontrava nas ilhas gregas exemplos de desperdícios inexplicáveis. Em 1813 a Grécia estava entrando numa ara de busca de soberania que ela iria proclamar em 1822 e conseguir de fato em 1830, Sempre sob o patrocínio dos britânicos.
Uma economia, como todo o processo que se quer produtivo, necessita de tempo para amadurecer. Este amadurecimento necessita contar com um processo movido por um projeto que inspira confiança, impessoalidade, moralidade comprovada, publicidade contratual e eficiência nos resultados. Numa região que emergia do regime colonial estas virtudes eram novas e estranhas.   
As mais positivas seguranças em promessa, a este respeito; e a mais inviolável observância em as guardar, na practica ; saõ os únicos meios de obter aquelle flm.
A liberalidade do banco, em fazer empréstimos aos que nelle depositam seus fundos ; a determinação do Governo em mostrar por todos os modos possíveis, que as operaçoens do banco, e os fundos nelles depositados saõ taõ independentes do Governo, como se estivessem n'um paiz estrangeiro; dará sem duvida, depois de alguns anos de experiência, aquella solidez ao credito do Banco Nacional do Rio-de-Janeiro, sem a qual he impossível que subsista, nem com honra para a naçaõ, nem com vantagem para o commercio.
Renan SANTOS  in CP 04.06.2012 b
Fig. 08 – A escravidão voluntária era a alternativa para a qual estavam pendendo as pessoas que nasceram e que se criaram num regime colonial como o brasileiro. Havia necessidade de libertar, educar e dar provas concretas do potencial humano no gozo pleno de sua autonomia.
A desconfiança já pairava, em junho de 1813, em relação aos mediadores, os atravessadores e tituladores do Rei, do Capital nacional e do Poder Originário. Estes mesmos conseguem drenar e inviabilizar as economias de povos, de culturas inteiras, em junho de 2013. Estes mediadores, atravessadores e tituladores aprenderam e sofisticaram este saber maligno. Os novos meios tecnológicos projetaram este saber maligno por meio de uma engenharia social, política e econômica que mais discrimina do que ajuda o Poder Originário.
Honoré DAUMIER
Fig. 09 – O individuo romântico também podia cair na anarquia de costumes e tornar-se um perdulário compulsivo e inconsequente.
O individuo de junho de 1813 buscava libertar-se e não mais admitia nenhuma coação. Há duzentos atrás o individuo já estava na busca da sua liberdade e da cidadania. Em nome destes valores não podia aceitar um contrato no qual ele desconhecia o que ele iria perder e ganhar antes, durante e após qualquer ação coletiva.
Este contrato parece ainda mais obscuro em junho de 2013. Agora ele está envolvido em propaganda subliminar e marketing que o deixa ainda mais a mercê de mediadores, os atravessadores e tituladores dos quais poucos conhecem as credenciais.
FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS
BANCO do BRASIL
COBRANÇAS ABUSIVAS dos BANCOS
¿ CHIPRE é um PAÍS EUROPEU ?
¿ POR QUE os EUROPEUS se METERAM  NISTO ?
CONTO do BILHETE PREMIADO
CORREIO BRASILIENSE -  Junho de 1813 -  nº 61
INCONSCIENTE FORJA IMAGENS OBSESSIVAS
JUNTAR o BOLO de TODOS para  o PROVEITO de ALGUNS
MAPA dos PARAISOS FISCAIS
PARA INGLES VER
PARAISOS FISCAIS
PARIS PARECE HOSTIL e de FATO é HOSTIL
PECUNIA NON OLET
PERÍODO JOANINO no BRASIL (1808-1821)
SALOMON SMOLIANOFF
VAN MEEGEREN (1889-1947)  o FALSIFICADOR de VERMER (1632-1675)
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  blog :¿ QUE É ARTE ?
  blog : MATHIAS SIMON
  blog NÃO FOI no GRITO
 
SUMÁRIO do 1º ANO de postagens do blog NÃO FOI no GRITO
 
                  blog + site a partir de 24.01.2013
PODER ORIGINÁRIO
RESUMO do texto:  PODER ORIGINÀRIO:
TEXTO: expandido do PODER ORIGINÀRIO
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