sexta-feira, 20 de setembro de 2013

NÃO FOI no GRITO 081.

HELENISMO – MANEIRISMO  e POS-MODERNIDADE: três épocas de mudanças.

O Tempo flui sem gritos, alarmas e sem recuos. Em certas épocas e lugares este Tempo flui de forma linear, simples e uníssono para a percepção humana. Em outras épocas este Tempo é percebido como enovelado, simultâneo e numa diversidade estonteante.

Fig. 01 –  Alexandre Magno desbarata os “imortais” e se aproxima perigosamente do Imperador persa Dario III na batalha de Isso em 333 aC. Um confronto entre a mentalidade oriental dos persas e europeia representada por Alexandre filho macedônio Felipe e conquistador da Grécia.   

Os gregos conceituava o termo “época” (epoche’)[1] com um período em relação ao qual suspendiam os seus juízos e  sobre o qual ainda não tinham um veredito definitivo. Para eles próprios chegou a época na qual se misturam e se aniquilam vários processos históricos em furiosa transição. Era o Helenismo. Nele viram sumir as suas certezas construídas e cultivadas no período anterior. Perderam o vigor para cultivar e reproduzir a sua própria cultura. Derrotaram o império e a cultura persa. Mas a façanha foi realizada pelos macedônios....

Um hedonista - estátua de bronze
Fig. 02 – Na época helenística  a vida material e a natureza substituíram o ideal e a superação que haviam feito a glória do período áureo de Péricles, Sócrates e Fídias. As manifestações das artes tornaram-se descritivas  buscando o seu público .por meio do  deboche, da descrição anedótica e incapaz dos altos projetos do  período anterior. Os pragmáticos romanso aproveitaram esta porta aberta poara eles e levaram os pensadores gregos pcom escravos sofisticados.
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 Uma época de transição carece de um projeto e uma ação coletiva que oriente para um ponto afluente unívoco,  legível e fixo. A massa humana está sem direção, se conflita e se desgasta  ao longo  desta época da História. Buscavam e não está ao seu alcance um novo ponto equilíbrio homeostático e provisório entre imensa e desconhecidas forças contrárias. Nestas épocas de mudança paira uma enorme interrogação entre os agentes e participantes. Entre as variados exclamações mais desencontradas, ruídos e mesmo entre os gritos mais altos  ninguém possui um rumo do qual esteja seguro.
A época que preparou a soberania brasileira é completamente diferente do Maneirismo e da Pós-modernidade. A preparação da independência do Brasil transcorreu impulsionada pelas  revoluções triunfantes norte-americanas e francesas. Revoluções que eram expressões coletivas sustentadas nas suas bases pela infraestrutura industrial e orientadas  para um ponto afluente unívoco,  legível e fixo. Os Estados nacionais contemporâneos formaram-se no meio de vivas expressões de uma enorme crença legível e fixada no horizonte de um progresso linear, ilimitado e eterno. Expressões que mais tarde se tornaram mais legíveis e se identificaram e reconheceram na lógica taylorista da linha de montagem industrial.  Mas tudo isto revelou-se ilusório, passageiro e cobrando altos preços de toda ordem.

Pompéia PINTURA ROMANA  - Máscara –
Fig. 03 –  A máscara da tragédia romana numa pintura de Pompéia expressa um dos polos do maniqueísmo da luta entre o Bem o Mal,  entre os polos extremos da gargalhada e do choro necessários parsa a atenção de um  público disperso a que apenas importava o pão e o circo. A fórmula é a mesma para os dias atuais. Mudaram apenas os veículos de comunicação,.

O Helenismo já era portador desta ilusão passageira e cobrando altos preços de toda ordem. Esta época pode ser colocada entre as  conquistas de Alexandre Magno e a ruina definitiva do Império Romano. Marcado por uma profunda atomização de valores materiais e imateriais, pela escravidão legal e por corrupções de toda ordem. No seu final  derivou para a mais obscura Idade Média e terreno fértil para toda  a barbárie e aniquilamento de tudo que era artificial.

TICIANO VECELLIO c.1490-1576 -Alegoria do Tempo governado pela Prudência  - c.1556 - National Galery Londres
Fig. 04 –  O Maneirismo é a época paralela à perda da crença do homem como medida de todas as coisas, cultivada pelo Renascimento italiano e da imagem medieval dos astros girando ao redor da Terra como centro do Universo.  Na imagem da Prudência, na pintura de Ticiano, existe ainda um  equilíbrio central e que será rompido com a Europa numa crise entre a Reforma e Contra Reforma e do novo e Velho Mundo e do qual emergem percepções e paradigmas contrários entre si.

O mesmo  pode ser dito do Maneirismo. Esta época cobre á a profunda crise ao Renascimento italiano desembocou  na Reforma e Contrarreforma. Época da divisão do mundo europeu num maniqueísmo  mutuamente excludente. Terreno para as cruéis dúvidas de Galileu Galilei (1564-1642), de René Descartes (1595-1650) e de Baruch Espinoza (1632-1677). Ao longo do Maneirismo forma de cobiça de toda ordem alimentaram e justificaram a devastação de culturas ancestrais não europeias. Cobiça de ouro e de poder derivaram para o 1º colonialismo moderno europeu. Época  na qual floresceu e se reproduziu o pretexto para a retomada do exercício legal da escravidão humana.

Artemisia GENTILESCHI  1593-1654 - Judith e Holofernes 1612    http://en.wikipedia.org/wiki/Artemisia_Gentileschi
Fig. 05 –  A violenta cena pintada pela artista Artemisia GENTILESCHI  mostra toda a revolta simbólica desta moça artista violentada no atelier do seu pai. Esat obra constitui uma metáfora do Maneirismo que estava dilacerando a cultura europeia, atingida por uma violenta crise interna diante de outros paradigmas sobre os quais necessitava recorrer á tipo de violência possível para dominá-los e subjugá-los pelo colonialismo desenfreado, por devastações atrozes e na busca de lucros crescentes e desmesurados.
O Maneirismo representa um confronto entre a mentalidade eurocêntrica e os outros paradigmas que eram sistematicamente desqualificados e dominados.
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O triunfo da Razão materializou-se na lógica da 1ª era Industrial. Porém o “Sono da Razão” e os seus monstros e seus fantasmagóricos zumbis desembocou nas orgias sanguinárias da 1ª e 2ª Guerras Mundiais. Estas guerras fratricidas foram alimentadas pelas armas das  suas linhas de montagem. A humanidade profundamente decepcionada procurou, para sair deste pesadelo,  uma nova lógica nas profundidades da matéria e na vida. E período da Pós-modernidade, das dúvidas, de profundas e preocupantes percepções das finitudes e preços a pagar pelos saques feitos sobre a Natureza.

Lorenzo LOTTO  1480-1556 - Andrea Odoni  O Colecionador c.1527
Fig. 06 –  O Maneirismo se expressou pela  ganância e o acúmulo de bens materiais e imateriais do comércio com obras de arte, Comércio que mergulha as suas raízes no comércio da estatuetas femininas da pré-história,  no período helenísticos com as cópias de estátuas clássicas gregas  Obras que tinham perdido a sua função inicial e queagora eram transformadas em mercadoria, cópia e acúmulo. Este acúmulo que ir´par retomar as formas das pinacotecas, gliptotecas helenísticas.

Todas as grandes esperanças foram gradativamente se deslocando para o Novo Mundo e do Extremo Oriente. Este deslocamento foi registrado nas páginas do Correio Baziliernse (1808-1822) Estes registros foram  auferidas e divulgadas através de Londres, um das metrópoles da era industrial. Os europeus reagiram a este deslocamento para uma segundo fase de um feroz e competitivo colonialismo científico e industrial. Nestas as colônias eram, ao mesmo tempo,  fornecedores e consumidores das linhas de montagem europeias. Mesmo as novas soberanias nacionais muitas vezes eram quintais de abastecimento,  depósito dos produtos e comercio das linhas de montagem dos países hegemônicos.

David TENIERS (1610-1690) – Pinacoteca do Arquiduque da Áustria -  1647 óleo 106 x 129   http://en.wikipedia.org/wiki/David_Teniers_the_Younger
Fig. 07 –  O Maneirismo europeu acumulou diversas tendências estéticas num conjunto eclético e demostrava o poder material e imaterial dos seus proprietários.  Este acúmulo e centralização do poder irá progressivamente desembocar nas figuras dos tiranos iluminados.  Estes foram índices e motivos dos confrontos com a mentalidade pragmática da era industrial e a construção dos Estados Nacionais.  Herdeiros destes acúmulos trataram de criar instituições públicas para as  quais transferiram gradativamente estes acervos.

Como o presente blog é publicado na época corrente da Pós-modernidade e com o uso dos seus meios técnicos  e não possui a visão de conjunto suficiente sobre si mesma muito menos num desfecho futuro.  Permite-se apenas que esta época corrente se espelhe em períodos semelhantes como aquelas do Helenismo e do Maneirismo. Em ambos apenas nasceu outra mentalidade e a necessidade de abandonar hábitos e mentalidades anteriores. Enquanto desmoronava o passado, que agora é considerado de ouro,  as novas incertezas  e as ameaças crescem diante de um futuro insondável.

Damien HIRST,  1965 - Bezerro de Ouro 2008 - vendido por 16.5 milhões de dólares
Fig. 08 –  A adoração do bezerro de  ouro foi inspiração deste  artista britânico expressar as dúvidas, as confusões e os valores contraditório cultivados pela pós-modernidade.  A instalação na qual ele embalsamou e mergulhou em formol um bovino recupera antigas simbologias egípcias numa paródia e ironia características de períodos confusos como o da pós-modernidade.

As INUTEIS e as CARAS FICÇOES geradas ao longo destas épocas de passagem constituem a parte mais assustadora. Em período de  um transição de um paradigma para outro, as crenças e esperanças humanas anteriores são substituídas por outras  incertezas. Esta transição costuma gerar racionalizações de toda ordem. Racionalizações que despertam ficções tão ou mais perigosas do que aquelas que a humanidade acaba de abandonar. O problema  é que estas ficções  são novas, sem contraditório ou teste de realidade. Assim nestas épocas de passagem emergem - das férteis e ativas mentes humanas - ficções que com passar do tempo se revelam não só inúteis,  mas tendenciosas e perigosas.

Marina ABRAMOVIC (1946 - 0 - o artista está presente   http://hemisphericinstitute.org/hemi/fr/e-misferica-72/levine
Fig. 09 –  A artista marina Abarmovic subverte, desafia e apresenta obras nas quais o artista, suas criações  e o público se confundem em lancinantes happenings,  instalações, figuras estáticas vivas. Propõe confrontos entre a mídia tradicional das artes visuais, a sua reprodução mecânica com a presença da Natureza viva  e palpitante mas imobilizada pelo seu projeto mental.

A passagem dos estados soberanos - da primeira era industrial para os estados em rede da era pós-industrial - revela-se tão  tendenciosa e perigosa como do Helenismo e do Maneirismo.   Além de potencializar a inutilidade e o alto preço e induzem perigosas esperanças, pois não possuem o fundamento do Poder Originário para se concretizam. Ficções como os estapafúrdios BRIC’s ou outras especulações não possuem o menor suporte e raízes num poder de origem. Possuem a sua fonte em mentes humanas cansadas e castigadas por esforços mentais febris e excitadas que geram ficções fantasmagóricas. Ficções alimentadas por agentes mergulhados no marketing e na propaganda de percepções incendiadas pelos seus oniscientes, onipotentes, universais e eternas.

Brian ROGERS  - Memória Seletiva - in  NYT em 11.01.2011   http://www.artistcommunities.org/dance-resources/casestudies-collaboration.html
Fig. 10 –  As mídias pós-modernas permitem editara em tempo real misturando a imagem construída com a Natureza gerando obras hibridas Obras desta natureza geram confrontos, destaques e esquecimentos  

Estes esforçados cidadãos são vitimas da sua ingenuidade ou cegueira decorrente dos  miseráveis contratos com a  servidão. Quando querem agradar ou servir são vítimas assíduas e preferenciais de ícones que encobrem monstruosas formas de escravidão mental, cultural e até econômica. Monstros que exigem das suas vítimas imediata perda de identidade, de personalidade e de individualidade. Estes monstros manejam com habilidade os sentimentos contraditórios entre culpa e perdão, desestabilizam as suas vítimas e lhes furtam a liberdade. No maniqueísmo entre culpa e perdão habilmente manejado pela mídia industrial das grandes personagens. “Menti, menti de novo que algo sempre irá permanecer”. A fama, a riquezas e a fortuna   cultura hegemônica ocidental  ganhou fortuna nos manuais escolares.

IMMENDORF, Jorg - 1945-2007 Chanceler Schroeder - c.2005
Fig. 11 –  As mídias tradicionais são incorporadas em novos contextos e ganham destaques inesperados .Um confronto entre a mentalidade industrial linear e fixa abre espaço para representações  múltiplas e mutantes da Pós-modernidade
Na conclusão é necessário insistir de que as rememorações e as narrativas da História possuem a plenitude de seu sentido no seu conhecimento para não repetir épocas e muito menos recair nas suas limitações e erros.

CATTELAN Maurizio  -Rotunda GUGGENHEIM  NYT 08.11.201
Fig. 12 –  A pós modernidade busca recursos espetaculares e de fácil leitura e compreensão e das quais não é possível afastar os recursos que os artista do helenismo e do maneirismo recorreiam com frequência para cahamar atenção dos seus observadores solicitadas poelos mais variodos estímulos Um confronto entre a mentalidade seletiva, refinada e linear diante de mentalidades acumuladoras, ecléticas e múltiplas

Apesar dos ruídos e dos estímulos sensoriais cumulativos da pós, modernidade, maneirismo e helenismo, a  autêntica História insiste na atenção e na percepção da inexorável passagem do Tempo que flui sem gritos, alarmas e possíveis recuos.

FONTES BIBLIOGRAFICAS:
LISBOA, João Francisco 1812-1863 Jornal de Timon – Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2004, 326 p. – Edições do Senado v.28

TAYLOR CALDWELL, Janet Miriam Holland (1900-1985) - Médico de homens e de almas (53ª ed) Rio de janeiro: Record, 2013 – 699 p.  ISBN 978-85-01-1240-1


FONTES NUMERICAS DIGITAIS:
BRICS ALIMENTADOS pela projeção da CURVA do seu CONSUMO.

DETROIT INSTITUTO de ARTES

NADA CRESCE na SOMBRA das GRANDES ARVORES

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