quinta-feira, 4 de junho de 2015

121 – NÃO FOI NO GRITO.

¿ OLIVENÇA ou OLIVENZA ?

Em junho de 2015 os acontecimentos de junho de 1815 estão distantes dois séculos. Se os acontecimentos do século XIX não repercutem no seu simples cotejo formal diretamente no século XXI não deixam, no entanto, constituir, em junho de 2015, forças latentes, fundamentos enterrados e vetores culturais que elucidam o que ocorreu entre estes dois junhos tão distantes entre si.
Fig. 01 – O número de junho de 1815 do CORREIO BRAZILIENSE ocasiona a oportunidade de rever alguns momentos e razões da Corte Lusitana se encontrar no Brasil como, também,  perceber a lenta e segura preparação da Soberania brasileira. No contraponto expõe as recorrentes fragilidades, vacilações e erros de Portugal que não foram corrigidos ainda em junho de 2015. Assim não causa admiração a crescente e implacável absorção da identidade lusitana pelos seus fortes e experientes parceiros europeus.
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Em junho de 2015 um pequeno ponto no mapa da fronteira entre Portugal e Espanha é índice como é possível arrastar um problema de junho de 1815  e procrastinar uma solução única, linear e não eclética ao longo de dois séculos. Pode-se argumentar que a solução deste problema foi postergada devido a outras urgências impostas pelas guerras napoleônicas, pois havia “coisas mais importantes em jogo” 
Fig. 02 –  A árdua e continuada luta de Portugal para se distinguir da Espanha deixou marcas, narrativas e também dúvidas ao logo da linha das fronteiras destas duas nações ibéricas.  Uma desta dúvida, até junho de 2015 e a cidade,  que o portugueses denominam OLIVENÇA e os castelhanos de OLIVENZA,  contrapõe e expõe as recorrentes fragilidades, vacilações e erros de Portugal que não foram corrigidos ainda em junho de 2015. Assim não causa admiração a crescente e implacável absorção da identidade lusitana pelos seus fortes e experientes parceiros europeus.

As guerras napoleônicas na Península Ibéricas já estavam legalmente encerradas desde o Tratado de Paris em 11 de abril de 1814 e volta da França aos seus limites de 1792. Porém, em junho de 2015, a solução de OLIVENÇA ou OLIVENZA não esta encerrada. Em ponto maior o problema  e a forma da vinda ao Brasil do Príncipe Dom João VI, e da sua corte,  ainda não encontrou uma narrativa consensual, linear e unívoca. Na investida da nação francesa sobre a Península Ibérica a pretexto das “verdades” herdadas da Revolução Francesa fica pouco claro o que de fato ocorreu entre forças internas portuguesas, defensores espanhóis. Em ponto menor o problema  da cidade portuguesa de OLIVENÇA e que ainda em junho de 2015 a Espanha considera sua – sob o nome de OLIVENZA - oferece um sismógrafo que possibilitam avaliar tanto a soberania lusitana como a espanhola em permanente ajuste e tremores. Tremores e ajustes que geraram um “modus vivendi” e uma diplomacia que manteve as duas nações e um exemplo digno da melhor diplomacia entre estados soberanos. Diplomacia que vale certamente pelo que não foi dito, pelas não agressões e guerras abertas, sangrentas e ruinosas para ambos os lados
Fig. 03 – As inúteis muralhas para a defesa desta cidade lusitana  de Olivença contra os espanhóis  são índices dos equipamentos militares que deveriam separar a posse de Portugal daquela da Espanha. Estas mesmas muralhas são índices que desvelam as razões dos vultosos e constantes investimentos em fortalezas e fortes da costa brasileira. A atualização da inteligência e da vontade de novas experiências técnicas permanecia para traz na medida destes gastos militares exorbitantes. Gasto militares,  a serviço de sua corte, onerava e aniquilava qualquer PODER ORIGINÀRIO da NAÇÃO PORTUGUESA. Corte que se mantinha enquanto alimentava gastos militares e mantinha castas de dirigentes com ferozes e implacáveis meios de coerção.  Em junho de 2015 estes regimes estão no passado, mas permaneceu, no presente, o hábito de uma mentalidade mesquinha, inoperante e pronta para atribuir qualquer culpa ou fracasso aos seus eventuais chefes.

O texto do Correio Braziliense, de junho de 1815, permite ler sob outro ângulo o retrospecto da aventura Napoleônica e seus os envolvimentos na Península Ibérica.
Correio Braziliense – Politica
Junho de 1815 - VOL. XIV. - Nº. 85. - pp 732-737.

Memória apresentada ao Congresso pelos   Plenipotenciarios de Portugal, sobre a reclamação da villa e território de Olivença.
Na guerra de 1793 e 1794 entre a Hespanha e a França; Portugal forneceo á primeira um corpo auxiliar de tropas, cuja cooperação, durante as duas campanhas sobredictas, foi de tal utilidade ao exercito Hespanhol, que ninguém o tem posto cm duvida até o presente. Ainda que este soccorro tivesse sido concedido a requirimento da Hespanha, c cm conformidade de um ajuste téito com ella, com tudo esta Potência, forçada pelos acontecimentos da guerra, a encetar negociaçoens com a Republica Franceza, concluio pouco depois a paz de Basilea[1], sem comprehender neste tractado seu alliado, Portugal, e até sem lhe dar parte da negociação, que o Duque de Alcudia, entaõ Primeiro Ministro, que recebeo nesta occasiaõ o titulo de Principe da Paz, conduzio até o flm, debaixo do véo do mais profundo mysterio. Foi então, principalmente pelo facto do socorro prestado á Hespanha, que a França se considerou em estado de guerra com Portugal. Desde entaõ até 1801, fez a Corte de Portugal varias tentativas infructuosas, para concluir paz com a França, e se o território Portuguez naõ foi desde aquella epocha atacado pelos exércitos republicanos, elle naõ deve isso senaõ á sua posição geographica, que naõ deixava entre os dous Estados ponto algum de contacto.



[1] Os três tratados de Basileia 1795 http://pt.wikipedia.org/wiki/Paz_de_Basileia

O Rio  GUADIANA e VERTENTES IBÉRICAS
Fig. 04 – A metade do território da Espanha envia as águas dos seus principais rios em direção ao território de Portugal. Esta união dos elementos físicos, no entanto, não garantiu as relações políticas. Elas estiveram particularmente tensas no período napoleônico. Particularmente  no concerne às suas colônias americanas aproveitaram a a ocasião do abalo das suas matrizes metropolitanas para conquistar as suas soberanias. Em junho de 2015 ambas a nações estão sob crescente e implacável absorção de suas identidades dos seus fortes e experientes parceiros europeus.  Esta aproximação parece que ninguém pode impedir ao modelo das águas que correm por seus territórios.

Entre tanto, em 1801, o Ministro, que dirigia o Gabinete de Madrid, forçado pelas instigaçoens do Primeiro CONSUI da França, invadio com um exercito Hespanhol as fronteiras de Portugal, sem nenhum motivo fundado, nem apparencia de justiça, e somente para o obrigar a seguir o seu systema, na guerra ruinosa, que elle entaõ fazia contra a Inglaterra.
Felizmente a paz d'Amiens[1], e o tractado de Badajoz[2], que tiveram lugar quasi simultaneamente, puzéram fim pelo momento, a esta luta desigual, mas o Principe da Paz, que commandava os exércitos da Hespanha, se teria recusado a esta paz, se naõ se tivesse consentido em deixar-lhe alguns tropheos de suas suppostas victorias, e foi preciso acceder á cessaõ de Olivença.
Fig. 05 – O Museu Etnográfico da cidade de Olivença exibe amostras da tecnologia herdada dos tempos dos romanos e dos mouros.  Ao mesmo tempo os objetos e técnicas sugeridas expõe a clara referência à  Era Agrícola que comandava a infraestrutura determinante das riquezas, das formas sociais  e determinante da política possível em Portugal em junho de 1815. Enquanto isto os países anglo-saxões e França caminhavam céleres em direção da emergente Era Industrial, motivo e fonte da logística das sangrentas revoluções e das cruéis guerras sem fim e limite.

Seria inútil lembrar aqui, quanto custou a Portugal, desde 1801 até 1807, o manter a sua tranquillidade precária, e continuadamente ameaçada, pela insaciável cúbicça do Governo de Buonaparte, e pela necessidade em que se achava o de Hespanha, de se prestar ás suas vistas. Todos sabem, que em 1807, o Gabinete de Madrid, ainda entaõ dirigido pelo mesmo ministro, e que se achava a respeito de Portugal em profunda paz, concluio secretamente com o Imperador Napoleaõ o tractado de Fontainbleau[1] pelo qual Portugal devia ser dividido em tres porçoens, e a casa Real de Bragança desthronada. Esta segunda guerra, sem provocação, e de que se procuraria em vaõ achar um exemplo na historia, naõ tinha outro pretexto apparente, senaõ o famoso systema continental.
Fig. 06 – O enclave de Olivença cuja solução diplomática se arrasta desde junho de 1815 ainda não foi equacionado entre Portugal e Espanha em junho de 2015.. Neste meio tempo a Espanha já havia recebido a Catalunha de volta da França e outros territórios que um junho de 2015 ainda aspiram à sua soberania da Espanha.

Foi, portanto, Portugal invadido ainda pelos exércitos combinados Francez e Hespanhol. Felizmente a resolução firme e intrépida, que tomou S. A. R. o Principe Regente de Portugal, de transferir momentaneamente a sede de sua Monarchia para a America, o salvou, assim como a toda a sua Familia, de cahir nas maõs de Napoleaõ, despertou até os mesmos povos da Hespanha, e foi talvez o primeiro signal de todos os Grandes acontecimentos, que se tem passado depois.
Entretanto, depois que a scena de traiçoens, que se passou em Bayonna, poz o Governo de Hespanha fora do estado de poder obrar, e que a Naçaõ Hespanhola, por um movimento nobre e unanime, mostrou a resolução de resistir ao jugo, que se lhe queria impor, os Portuguezes uniram immediatamente os seus esforços e os seus exércitos aos de Hespanha, e passaram, sem que tenha ainda exisfido entre os dous Estados, até o dia de hoje, nenhum tractado de alliança, nem se quer de paz, de um verdadeiro e legitimo estado de guerra, ao da mais cordeal e  mais intima uniaõ.
A cidade de MÁRTOLA no Rio Guadiana
Fig. 07 – A região e a cidade de Olivença é banhada pelo rio Guadiana. As margens deste rio estão pontilhadas de pequenas cidades e concelhos como a bucólica Mártola que se  espelha nas suas plácidas águas provenientes da Espanha e é guarnecida de um entre os muitos castelos de fronteira. Castelos que são índices das constantes vigilâncias recíprocas  e da viva beligerância existente ao longo de séculos entre as nações ibéricas. Beligerância necessária às elites e às duas cortes para manter o PODER ORIGINÁRIO apavorado e submisso às deliberações e decisões dos poderes centralizantes, autárquicos e de origem “divina”.

Toda a Europa he testemunha dos resultados, que produzio na Hespanha a cooperação da Naçaõ e dos exércitos Portuguezes nesta ultima guerra, e nada se poderá dizer a este respeito, que naõ fique abaixo da simples enunciação do facto. Naõ houve batalha ganhada pelo ilustre Duque de Wellington, que naõ custasse sangue Portuguez. As praças mais fortes da Hespanha, Cuidad-Rodrigo, Badajoz, S. Sebastian, foram tomadas de assalto pelas tropas Portuguezas unidas ás Britannicas. Por ellas foram os Pyrineos defendidos, e franqueados. A mesma Olivença foi duas vezes tomada aos Francezes, por estas tropas, e certamente se o Governo de Portugal naõ créo entaõ, que devia conservar a sua posse, deve attribuir-se este comportamento a um excesso de boa fé pouco commum, e ao desejo de a tornar a adquirir antes como ura penhor de alliança e amizade da parte da Hespanha, do que pelos acontecimentos fortuitos da guerra.
Fig. 08 – O azulejo lusitano numa das numerosas construções da cidade Olivença e marca indelével da cultura portuguesa em território que a Espanha denomina de Olivenza. A técnica do azulejo remete a herança árabe da “pedra brilhante” devido à vitrificação de sua superfície. Porém os temas de suas imagens se atualizaram e passaram do “padrão infinito” árabe – ainda visível nas molduras pintadas -  para temas figurativos e índices das épocas em que foram criados. Mais do que a lusofonia estes azulejos estão disseminados em todo vasto império lusitano do seu passado glorioso.

O tractado de Badajoz, único titulo de que a Hespanha se pôde valer, para conservar a posse de Olivença, foi violado e rompido pelo seu mesmo Governo, ao tempo de sua aggressaõ contra Portugal, era 1807.
Logo este tractado naõ existe, segundo os principios reconhecidos do direito publico; e Portugal requer, vistas todas as circunstancias, que o precederam, e se lhe seguiram, tornar a entrar na posse daquillo, que, pelo dicto tractado, tinha sido desmembrado da Monarchia.
Na epocha das negociaçoens do ultimo tractado de Paris [1], o Conde de Funchal, Plenipotenciario de Portugal, naõ deixou de reclamar a restituição de Olivença, mas a observação, que se lhe fez, entaõ, de que este tractado naõ podia comprehender outras estipulaçoens, senaõ as que diziam respeito immediatamente á França; e que, por consequencia, o negocio de Olivença se deveria diferir até o Congresso Geral, o obrigou a suspender os seus procedimentos, e a contentar-se com uma declaração a este respeito, que foi communicada por elle, antes da assinatura do tractado, a todos os Plenipotenciarios das Potências que o assignâram. He logo sem razaõ, e por falta de reflexão nestas circumstancias, que se tem pretendido, que o negocio de Olivença estava fôra do poder do Congresso, por naõ ter sido indicado no tractado de Paris. Nos acabamos de expor, que elle tinha entrado nas negociaçoens que o precederam; e além disto, nos naõ vemos porque se pudesse dizer, que no Congresso de Vienna se deviam abster de tractar senaõ dos negócios, que tivessem sido indicados no tractado de Paris; e nao se pôde duvidar, que a situação actual, em que se acham reciprocamente a Hespanha  e Portugal, sem nenhum tractado que as ligue, naõ as ponha no caso de admittir a intervenção e mediação de todas as Cortes, que na epocha do tractado de Paris promettêram officialmente aos Plenipotenciarios de Portugal os seus bons officios a este respeito.
Ha mil razoens, que se poderiam alegar ainda; mas esta breve exposição bastará talvez para aclarar o estado da questão.
Fig. 09 – O cúmulo da agressão contra a soberania de uma nação é quando outro governo de estado se intromete no âmbito da competência interna marcada pelas suas fronteiras. È o que o Tratado de Fontainebleu de 27-29 de outubro de 1807 perpetrou contra Portugal. As consequências foram a imediata preparação da França e da Espanha - unidas secretamente por este tratado - para tomar fisicamente e de forma fatiada o território lusitana. Ao mesmo tempo provocou a insólita e nunca antes registrada migração de uma corte europeia para a América. Porém este fatiamento do território nacional parece uma constante e  está em pleno curso, em  junho de 2015, e atinge estados europeus (Ucrânia) , asiáticos (Iraque - Coreia) e diversas nações  africanas.

O único argumento, qne se tem usado, para demonstrar, que Olivença éra de alguma utilidade á Hespanha, isto he, o evitar o contrabando entre os dous paizes, naõ pôde ser mais futil, considerando-se a extençaõ de suas fronteiras, e a nullidade dos obstáculos locaes, para impedir este contrabando.
Espera-se, pois, que se tem conseguido demonstrar :
1°. Que o motivo principal porque Portugal se achou empenhado em guerra contra a França, foi o soccorro dado á Hespanha.
2º. Que a guerra, emprehendida em 1801 contra Portugal, e que terminou pela cessaõ de Olivença, naõ éra, por conseqüência, nem justa, nem provocada.
3°. Que o tractado de Fontainebleau, e a invasão de Portugal em 1807, tendo rompido o tractado de Badajoz, annuliam o único titulo em razaõ do qual Olivença pertencia á Hespanha.
4º. Que as duas naçoens Hespanhola e Portugueza, tendo reunido os seus esforços, durante cinco annos, na mais importante das lutas, deviam desejar apagar até os menores traços do systema revolucionário, que as tinha desunido, e que por pouco as naõ perdeo ambas.
5°. Que a posse de Olivença naõ he para a Hespanha de alguma utilidade real, e que a reclamação, que fez PortHgal ao tempo do tractado de Paris, a cessaõ de Guianna [1], em que acquiesceo para contribuir ao restabelicimento da paz geral, e a promessa official, que elle recebeo naquela occasiaõ, dos bons officios de todas as Potências, que assignâram o tractado, o authorizam a crer, que este negocio está totalmente no poder da mediação do Congresso.
Depois de todas estas observaçoens que ficam expostas, naõ pôde deixar de se esperar, que o Governo de Hespanha se prestará de boa vontade a destruir esta ultima lembrançade contendas que nao deveriam ter jamais existido; e que S. M. C. dará com isso o penhor mais solemne de todos os sentimentos, que devem unir para sempre as duas naçoenes vizinhas.
Vienna, 15 de Novembro, 1814.
Fig. 10 – O trabalho das tesselas de pedras de cores variadas é outra marca da cultura lusitana. Herança dos romanos que aplicavam esta técnica para os pavimentos das suas casas, espaços públicos e ruas. Aqui numa rua da cidade de Olivença. Esta arte proveniente de mão de obra especializada em Portugal e que  em junho de 2015 pode ser vista e pisada em qualquer terra que alguma vez foi da posse lusitana.

Correio Braziliense – Miscellanea.
]Junho de 1815 VOL. XIV. Nº. 85. pp 857-859
Reflexoens sobre as novidades deste mez.
BRAZIL.
Despedida do Embaixador em Londres.
Por um engano typographico apparecêo no nosso N". passado, p. 699, que o Conde de Funchal tinha tido a sua audiência de despedida aos 25 de Abril, quando isto suecedeo aos 25 de Maio. Convém muito corrigir este erro de imprensa; porque tendo o seu successor apresentado as suas credenciaes aos 12 de Abril, pareceria, que o Conde de Funchal se demorou em cumprir o seu dever até os 25 de Abril, quando de facto a sua contumacia durou até os 25 de Maio; c como se fosse de propósito para mostrar o pouco que importa obedecer, ou naõ obedecer, ás ordens do Soberano, continuou a dar passaportes, e a intitular.se embaixador na Corte de Londres, depois de seu successor ser admittido ao lugar
CONDE de FUNCHAL João Jose XAVIER e Grupo interessante - Lito 1833- 415 x 286 mm
Fig. 11 – O Conde de Funchal (João José Xavier-1778-1837) numa litografia implacável dos seus hóspedes britânicos mostra o pouco caso que estes conferiam aqueles que os serviam e eram seus fieis servos de longa data.  Hóspede contumaz britânico que não tinha a mesma atenção consideração com o seu Estado Lusitano que dizia oficialmente servir. Hóspede hilariante - para o gosto britânico - que confundia a sua pessoa e suas ideias soberanas com seu cargo e suas funções O número de junho de 1815 do CORREIO BRAZILIENSE é implacável e traça um perfil pouco lisonjeiro deste diplomata e que passa para a História como súdito de si mesmo

Nós sempre fomos de opinião que o Principe nunca apanharia no Brazil este mono velho: e que todas ás desculpas, e subterfúgios eram para evitar mostrar a cara ao Principe. Vejam agora se nos enganamos; vejam Ia no Brazil se nós conhecemos o nosso parente macaco !
O Conde mandou por avizos nas gazetas, de que fazia leilão de seus trastes, e que seus credores fossem ter a casa de seu solicitador e apresentassem as suas contas. Tudo isto saõ aparências de quem se retira, e com tudo elle ainda se nao mudou da casa do Principe, em South Audley-street, que serve para residência dos Embaixadores; tem-lhe ta! apego e afíeiçao, que naõ se pode desgrudar; pois olhe, Senhor Conde, tudo tem seu fim, e V. Exa , ha de por fim sahir, quer queira, quer naõ queira. Dizem os seus apaixonados, que elle sempre ha de fazer o que quizer, e que la no Brazil o nao apanham. Que elle para la nao vai, nem nunca fez tençaõ de ir, isso sabíamos nós há muito tempo, e sempre o dissemos, e também sabiamos, c sabemos, a razaõ ; nisto naõ pode o Principe remediar ; mas que elle faça sempre o que quizer duvidamos muito; sem embargo da carta de empenho, que se gabam que foi daqui ao Principe; porque em fim S.A. R. deve ver nestes  procedimentos, e desobediência do Conde de Funchal, comprometida  a dignidade de sua corôa n’uma corte estrangeira e à face de toda a Europa, naõ saõ isto matérias em que se possa attender a empenhos contra a honra nacional, e contra o respeito do mesmo penhos, contra o respeito do mesmo Soberano
Fig. 12 – O Tratado de Paris de 11 de abril de 1814 parecia colocar um ponto final nas aventuras napoleônicas com a renúncia de Bonaparte ao trono francês. Colocada na ilha de Elba ele retomou as rédeas do governo francês no dia 02 de março de 1815 e permaneceu no cargo até a derrota do seu exército em Waterloo em 06 de julho de 1815.  O seu vencedor, o Duque de Wellington, tinha uma longo  currículo nos confrontos sangrentos com os exércitos napoleônicos  e adquirido Portugal e na Península Ibérica.

Tropas de Portugal para o Brazil.
S. A. R- mandou buscar de Portugal uma divisão de tropas composta de duas brigadas, e em numero de 4.831 homeos, e 8OO cavallos, como se ve das ordens, que publicamos a p. 845.
Naõ se sabe a que se destinam estas tropas; porém a sua utilidade no Brazil he evidente, quando se considera, que este corpo deve ser composto de veteranos experimentados nas campanhas da Peninsula, e por tanto capazes de introduzir, entre as tropas do Brazil, aquella disciplina rígida, que sempre se afrouxa em tempo de paz, e com o único serviço da parada.
Desta inesperada ordem de S. A. R. se pôde conhecer, quam justos formos nós em contender, que de Portugal se naõ deviam tirar tropas, para ir fazer a guerra á França, sem uma expressa ordem do Soberano ; porque do contrario éra correr o risco de contravir a outras disposiçoens, que elle pudesse ter em vista, e pôr-se a perigo de frustrar-Ihe os seus planes ; ainda sem falar na falta de authoridade.
Uma vez, portanto, atináram os Governadores do Reyno com o caminho direito, em occasiaõ difficil ; e por esta boa obra vale a pena, que o publico lhe de alguns dias de perdão
 Gravura  de 1819   do  Congresso de Viena pelo miniaturista Jean-Baptiste Isabey(1767-1855). http://pt.wikipedia.org/wiki/Olivença
Fig. 13 – As longas e sinuosas manobras, propostas contraditórias e tratados saídos do Congresso de Viena, com sessões entre 02 de maio de 1814 até 09 de junho de 1815 cujos atos foram registrados pelo número de junho de 1815 do CORREIO BRAZILIENSE. Certamente as temáticas ainda persiste em junho de 2015. A identidade lusitana pouco notada em Viena em 1815 continua obscurecida em 2015 pela crescente e implacável absorção centralista europeia, já sem as colônias americanas, asiáticas e africanas.  Os seus fortes e experientes parceiros europeus estão mais preocupados e conturbados pelas levas de imigrantes que despontam cada vez mais numerosos destas suas antigas colônias europeias équa falam a sua língua e se identificam formalmente com a sua cultura.

Negociaçoens em Vienna.
A p. 728, damos duas memórias apresentadas ao Congresso, pelos Plenipotenciarios de S. A. R. sobre o Commercio da escravatura, e sobre a praça d'OIivença. Quaesquer que fossem os resultados da negociação, he uma satisfacçaõ para os Portuguezes, e honra para os Negociadores, o terem-se feito as detidas e enérgicas representaçoens; que provam nao se ter deixado ir o negocio pela agoa abaixo. Que differença das Negociaçoens de Paris! Cayenna foi cedida sem compensação Olivença ficou para ser disputada. Porém taes saõ os resultados da iferente qualidade de Negociadores.
Fig. 14 – Os equipamentos agrícolas expostas no Museu Antropológico de Olivença são testemunhos silenciosos de uma era agrícola á quais os habitantes da península Ibérica tardaram a entender os limites diante do avanço da lógica da era indústria. Em junho de 2015 estes índices museológicos confundem-se inclusive, com os índices desta mesma Era Industrial superada pelo computador e mundo digital da Era Pós-industrial manejada e controlada pelos fortes e experientes parceiros europeus. A identidade lusitana é absorvida, nesta forte dessincronia técnica e logística, por fortes, crescentes e implacáveis corporações com sede e matriz em outras nações hegemônicas.

No dia 21 de outubro de 1805 a Inglaterra estabeleceu a sua liderança marítima na Batalha de Trafalgar[1]. Batalha travada na frente da cidade e do porto de Cádiz de uma Espanha comprometida com diversos tratados com a França napoleônica. Espanha que se irá enredar de uma forma abjeta por meio do TRATADO de FONTAINEBLEAU assinado em 27 de março de 1807.  Se não bastasse esta subordinação permitiu que o território soberano de Portugal fosse fatiado pelos republicanos franceses em três partes.
O Príncipe Regente Dom João VI - ciente da forma como Napoleão tratou a família da sua esposa, Dona Carlota - rumou ao Brasil com a sua corte em 27 de novembro de 1807  diante da concretização da invasão das tropas francesas que atingiram Lisboa no dia 30 de novembro de 1807.
Apesar da renúncia de Napoleão ao trono francês em 11 de abril de 1814 e da sua derrota em Waterloo, em 06 de julho de 1815, Dom João, proclamado Rei, 06 de fevereiro de 1818, deixou-se ficar e procrastinou o seu retorno ate 02 de julho de 1821. Se as feridas causadas pelos republicanos franceses estavam cicatrizando[2], o mesmo não aconteceu com a vizinha Espanha que o tinha traído secretamente em 1807. Uma das feridas que continua a sangrar é um território da fronteira com a Espanha. A cidade região do Olivença -  vizinha de Portalegre e Évora – e que continua num impasse multissecular com Portugal   em junho de 2015.



[1] - Batalha de Trafalgar em 21.10.1805  http://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Trafalgar

[2] - Em 26 de março 1816 chegavam á corte do Rio de Janeiro os artistas e técnicos da Missão Artística Francesa e que eram os mesmo que tinham construído os eventos e da Corte de Napoleão Bonaparte. O Correio Braziliense omite cuidadosamente este fato. Ainda mais que nesta época Napoleão Bonaparte estava vivendo no Atlântico Sul na Ilha de Santa Helena  - http://pt.wikipedia.org/wiki/Missão_Artística_Francesa


Fig. 15 – Uma das marcas portuguesas é a tendência estilística do dominante no período áureo lusitano e que é denominado de “Manuelino”. A cidade de Olivença ostenta índices desta tendência estilística , num portais de seus prédios públicos. Assim esta cidade soma o “Manuelino”, aos azulejos e os mosaicos de piso da mais autêntica vertente lusitana e diante da qual a Espanha se faz de surda, muda e cega em junho de 2015.

CONDE de FUNCHAL João José XAVIER

Constituição de Cádiz 19.03.1212-24.03.1814 La Pepa

CORREIO BRAZILIENSE JUNHO de 1815

OLIVENÇA
Olivença - Igreja da Misericórdia  



PARQUE NATURAL de GUADIANA
Rio GUADIANA
Vila de Mértola
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Referências para Círio SIMON