quarta-feira, 15 de junho de 2016

137 - NÃO FOI no GRITO

A CORRUPÇÃO ENDÊMICA no BRASIL.  
Fig. 01 –  Na população parecem  raros aqueles que, em 2106,  ainda não perceberam  que o maior perigo, a ameaça e o inimigo é AQUELE QUE ESTÁ e se MOVE no interior do BRASIL e NÂO aqueles  de FORA.   Ao mesmo tempo o  pensamento desta população não esbarra tantas vezes na pauta fixa da cartilha maniqueista do capitalismo x comunismo. O inimigo externo, o maniqueismo das facções ideológicas e a corrupção continuam a serem exibidas como “DESCULPAS de PLANTÃO” baratas para encobrir o enfrentamento efetivo das questões politicas, econômicas e sociais.
.  O imposto sobre a carne verde*, é confiado a fieis, que fazem as cobranças nos açougues, sem que haja meio nenhum de averiguar as fraudes, e conluios desses fieis com os marchantes carniceiros ; e assim o produto deste rendimento no ano de 1815, foi de vinte contos de reis menos que ao ano de 1814; sem que ninguém averiguasse a causa de tal diminuição. Igual sorte tem o Jardim Publico, que se projetou na mesma cidade de Pernambuco, para onde se deviam transplantar varias arvores e plantas de Caiena. Tem-se nisto gasto vários contos de reis, e nada de tal Jardim aparecer.”.
CORREIO BRAZILIENSE  VOL. XVI. No. 97 junho de 1816.  Miscellanea. p.631 
Fig. 02 –  O indígena brasileiro não havia desenvolvido o senso de posse individual.  Assim os europeus, motivados pela posse individual, não tiveram escrúpulos em  se lançarem para a prática do saque dos bens do território brasileiro O inevitável choque entre estas  duas culturas humanas deu margem  a muitos mal-entendidos, transmissão de doenças além da pura e simples usurpação ds território de sobrevivência de uma cultura coletadora. Estes mal entendidos foram  descritos, séculos depois, por LEVI STRAUS nas circunstâncias dos TRISTES TRÓPICOS onde imperava o regime que ainda oscila entre o  “CRU e o ASSADO”. 
O redator do CORREIO BRAZILIENSE já afirmara em texto do ano de 1814[1] que “as pessoas serão boas ou más, acidentalmente; o sistema é que acusamos de mau radicalmente”. Este mesmo redator, em texto do mês de junho de 1816 desvela alguns índices da corrupção do “sistema radicalmente mau”. Estes índices, e as suas causas foram cultivado silenciosamente ao longo de dois séculos. No mês de junho de 2016 esta corrupção possui muitos pontos em comum com os eventos do Brasil recentemente elevado a Reino Unido.


[1]      in CORREIO BRAZILIENSE, novembro de 1814,  p. 710  http://naofoinogrito.blogspot.com.br/2014_11_01_archive.html
Fig. 03 –  O ciclo da apropriação das madeiras nobres ainda não se concluiu no Brasil. Em junho de 1816 as motosserras, os caminhos clandestinos e as mais variadas dissimulações continuam os saques das madeiras nobres da floresta amazônica. O comercio ilegal  do PAU BRASIL não cessou e as rotas dos traficantes fornecem aos monopólios mundiais e indispensáveis para a fabricação arcos de violinos[1]. .A diferença que antes este aque era para um ente público e conhecido que era a corte de Lisboa. Em junho de 2016, além de ser carreao para os cofres dos bancos suíços são destinados a  um soma de pequenos paraísos fiscais espalhados móveis pelo planeta afora
No presente número a questão era introduzir a imigração europeia. Esta nova população era proveniente, em geral, de segmentos subalternos, necessitados e/ou perseguidos. Devido a esta origem subalterna esta nova população de adventícios - nas mãos dos mais antigos atravessadores, mediadores da terra e exploradores do alheio - corria sérios riscos de piorar e regredir econômica, social e socialmente.
A pandemia da corrupção nacional encontraria, tanto em junho de 1816 como em junho de 2016, meios para inviabilizar internamente qualquer política proveniente do governo central.
Fig. 04 –  O indígena foi vítima do  trabalho escravo praticado por  europeus de diversas procedências e nacionalidades que buscavam o pau-brasil. A CONFEDERAÇÂO DOS VELHOS da TERRA (TAMOIOS[1]) tentou colocar um limite Porém ressurgiram as antigas rivalidades, guerras e assassinatos que os indígenas já praticavam entre si mesmos. .O inimigo morava na própria terra. Esta não tinha um projeto unitário e muito menos consciência do potencial ou das razões porque o estrangeiro tanto cobiçava o que ele não atribuía nenhum valor aquilo que que estava no seu território de passagem e de caça. 
O editor do CORREIO BRAZILIENSE traça um quadro pontual a partir das suas informações que ele obtinha em Londres em junho de 1816:
CORREIO BRAZILIENSE  VOL. XVI. No. 97,  junho de 1816. Miscellanea. pp.630-631
Immigraçaõ no Brazil (e a corrupção endêmica).
As despezas, que o Estado fizer, com esta concurrencia de população para o interior; e com a facilidade dos meios de communicaçaõ, será repaga em quádrupla vantagem. A única cautella, que deve haver, consiste em naõ tomar o Governo sobre si, senaõ a direcçaõ geral, evitando monopólios de toda e qualquer sorte, e cuidando em que a administração da Fazenda Real, seja exposta aos olhos de todos, a fim de que todos possam notar os pontos em que pôde haver abusos; porque sem esta circumstancia nunca elles chegam a ser conhecidos. Com éstas cautellas, o plano, que suggerimos, nem pôde ser de despezas além das forças do Governo do- Brazil; nem as despezas demasiadas, comparadas com os benefícios que dali devem resultar. Mas segundo a forma actual da administração da Fazenda Real, naõ podem nunca os rendimentos luzir, nem ainda chegar para as despezas ordinárias. E vejamos sobre isto o que acontece em Pernambuco.
Fig. 05 –  O saque dos bens do território brasileiro da época do PAU BRASIL continuou com a Invasão Holandesa. Estes estavam interessados, desta vez, na PRODUÇÂO e o COMECIO do AÇUCAR. A narrativa de Gaspar Barleus está pontilhada de atos de corrupção tanto dos próprios holandeses com aqueles da terra. Esta  projeto holandês veio abaixo quando o Conde Maurício de Nassau se afastou do governo. Restou o caos que Evaldo Cabral de Mello descreve na sua obra..
Ha naquella cidade um armazém destinado ao deposito do páo Brazil, e confiado ao cuidado de um administrador, que tem o nome de Fiel; com um collega, que se chama o Escrivão. O primeiro tem a seu cargo as compras e remessas, o segundo a escripturaçaõ deste negocio, que he como se sabe da Fazenda Real. He permittido a todos cortarem o páo Brazil em qualquer parte, com tanto que o tragam a vender ao tal Fiel, que o deve pagar a 1.600 reis por quintal. Este Fiel recebe todos os mezes do Erário certa porçaõ de dinheiro como adiantamento; e ajusta mensalmente as suas contas: isto he, dá parte do dinheiro que tem recebido, e do páo que tem embarcado, e exportado; mas como naõ se indaga o balanço do páo, que fica cada mez em ser no armazém, he necessário absolutamente confiar na boa fé e probidade do Fiel; que nem sempre he exacta; porque ja houve um, que, quando se lhe deo balanço ao armazém, tinha desencaminhado settenta mil cruzados
Fig. 06 – Muito antes de Portugal perder a sua colônia brasileira  esta nação já havia perdido a sua autonomia financeira e comercial. A sua dependência de outras nações colonialistas foi reforçada e ganhou corpo  na sua maior colônia com o ciclo pau brasil, do açúcar e depois ao ouro brasileiro. Porém com a Independência  brasileira continuou o  saque dos bens do território iniciada com o ciclo do PAU BRASIL .O saque continua na medida em que se abriu o vasto interior brasileiro. O saque das florestas transformou-se e agro negócios cujos insumos, sementes e comércio são controlados e manipulados de além das fronteiras nacionais. O NIOBIO é a nova fonte de contrabando sem que as autoridades brasileiras esbocem qualquer limite eficaz[1].
Supponhamos que o Fiel he sem probidade, e que deseja abusar do encargo, que se lhe confiou, tem vários modos de o fazer, sem que seja descuberto. 1º . He dizer que comprou vinte quintaes, e comprar sò dez, mettendo na sua algibeira o importe dos outros dez. 2°. Embarcar vinte a bordo de um navio, que vem para Inglaterra; e dizer que embarcou só dez; e mandar receber os outros dez pelo sen agente na Inglaterra; e metter o producto em casa. Dizem-nos alem disto, que nos roçados, que se fazem naquella parte do Brazil, para plantar algodão, se lança fogo a matos cheios desta preciosa madeira; desperdício indesculpável da pacte dos indivíduos, e mui digno da attençaó do Governo, que por isso devia olhar. Mas este systema de se naõ dar balanço ao armazém do páo Brazil; extende-se a outras repartiçoens. A estância, aonde se guardam as madeiras de construcçaõ, pertencentes á Fazenda Real, acha-se justamente nas mesmas circunstancias. Ha mais de quatro annos se lhe mandou dar balanço; e ate agora tal balanço se naõ verificou.
Fig. 07 –  O pior inimigo - e o mais devastador - é sempre  o infiltrado e o que vive conosco. A fidelidade de SILVÈRIO dos REIS ao REGIME COLONIAL arruinou o projeto do novo BRASIL, d sua soberania e levou Tiradentes à forca.  A distante corte de Lisboa manteve o  Regime Colonial sob o seu controle. Comandada por militares (CAPITANIAS), cercada de fortalezas e com patrulhas jurídicas, econômicas e sociais mantinha uma ortodoxia absoluta. Este arcabouço, porém, mantinha-se de pé graças as delações, aos favores pessoais e ao saque indiscriminado a tudo aquilo que ali se depositava. Esta corrupção gerou o hábito de que “TUDO o QUE È do ESTADO” pode ser saqueado pelo mais esperto, ágil, forte e em nome deste mesmo ESTADO. Tudo isto era encobertoo com FESTAS e EVENTOS que Luis Edmundo descreve na sua obra “O  Rio de Janeiro no tempo dos Vice Reis”

A administração das obras publicas corre por igual maneira; nao havendo nem um Almoxarife, a quem se encarreguem os materiaes comprados; contentaudo-se todos com a boa fé do engenheiro inspector das obras, que faz as compras, as quaes paga o Erário, pelo simples testemunho dos bilhetes do Engenheiro; e basta a sua palavra para se verificar o consumo. O imposto sobre a carne verde*, he confiado a fieis, que fazem as cobranças nos açougues, sem que haja meio nenhum de averiguar as fraudes, e coloios desses fieis com os marchantes carniceiros ; e assim o producto deste rendimento no anno de 1815, foi de vinte contos de reis menos que ao anno de 1814; sem que ninguém averiguasse a causa de tal diminuição. Igual sorte tem o Jardim Publico, que se projectou na mesma cidade de Pernambuco, para onde se deviam transplantar varias arvores e plantas de Cayenna. Tem-se nisto gasto vários contos de reis, e nada de tal Jardim apparecer. 
Fig. 08 –  Em  junho de 2016 continuam os pesados tributos no Brasil. Como   em junho de 1816 o povo continua a pagar tributos para manter os gastos da pesada máquina administrativa do Estado e sua máquina central. Sem combinar o ANTES, DURANTE e o DEPOIS e sem a anuência ou menor retorno ao BEM PUBLICO.  Cecília Meireles transpôs ao mundo poético a epopeia e as circunstâncias da INCONFIDÊNCIA MINEIRA.  .
O cultivo silencioso da corrupção do “sistema radicalmente mau” continuou  ao longo de dois séculos.  Tanto no mês de junho de 1816 como e 2016 esta corrupção possui muitos pontos em comum. No Brasil, do mês de junho de 1816, os índices, os eventos e as suas causas continuam a evidenciar e a mostrar a mesma falta de um pacto social, econômico e político digno deste nome.  
Fig. 09 –  A posse física da terra e do poder sempre foram realizadas pelas mãos. Porém estas mãos sem o cérebro, os olhos, os ouvidos e a boca estão cegas, caladas e surdas. Assim, estas mãos,  estão prontas a obedecer ao primeiro comando, venha donde ver. È o território favorável aos atravessadores, delinquentes e mediadores inescrupulosos que estão esperando estas condições para se locupletarem  e arruinar os melhores e mais sublimes projetos.

O confortável silêncio diante da ação predatório das “MÃOS LIGEIRAS” dos  atravessadores, dos mediadores da terra e exploradores do alheio é o  melhor fermento para aumentar e generalizar a corrupção. Este silêncio e inanição, diante da corrupção, é o atalho para o retorno para os regimes coloniais, da servidão e da escravidão. Não faltam pactos sociais, econômicos e jurídicos. Contudo falta o seu conhecimento, a vontade de praticá-los e o efetivo sentimento de solidariedade nacional com a origem e do seu destino destes pactos sociais, econômicos e jurídicos.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS
BARLEUS, Gaspar- História dos feitos recentemente praticados durante oito anos no Brasil e noutra partes sob o governo do ilustríssimo Maurício – Conde de Nassau etc- Rio de Janeiro: Ministério da Educação,  1940, 409 p.
 Biblioteca Brasiliana USP

EDMUNDO, Luís -  O Rio de Janeiro no tempo dos Vice-Resi-1763-1808 Brasília: Senado Federal. 2000, 478 p.
LÉVY- STRAUSS, Claude. Tristes Trópicos. São Paulo: 70, 1993, 404 p.
MELLO, Evaldo Cabral de. - A fronda dos mazombos contra mascates Pernambuco 1666-1715 - São Paulo: Companhia das Letras 1995 530 p ISBN 85-7164-503-5

MEIRELES, Cecília (1901-1964) Romanceiro da Inconfidência – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005, 239 p  ISBN 852091778X
CORREIO do POVO - Ano 121-  nº 258 - p. 02 -14.06.2016 - O QUE CONVÉM CALAR na ECONOMIA
Fig. 10 –  O projeto da construção, da manutenção e da reprodução de qualquer Estado Nacional digno deste nome, sempre custaram muito empenho, trabalho continuado e recursos econômicos proporcionais ao pacto social, jurídico e operacional almejados. Em todos os tempos e lugares isto dependeu da anuência proveniente do poder que dá origem e mantém este projeto.
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FONTES NUMÈRICAS DIGITAIS

CONFEDERAÇÂO dos TAMOIOS

CRISE na EXPLORAÇÂO do AÇUCAR no NORDESTE BRASILEIRO
 
DOMINGOS FERNANDES CALABAR
Cidade de CALABAR

ESPETÁCULO da CORRUPÇÂO

IMPORTÂNCIA do PAU BRASIL

INCONFIDÊNCIA MINEIRA

LEITORES e os seus DIREITOS

NIOBIO contrabanda do BRASIL

OPERAÇÂO LAVA JATO
OPERAÇÂO RODIN

PAU BRASIL  PROTEGIDO  por LEI
PAU BRASIL para ARCOS de VIOLINOS

QUINTO dos INFERNOS

TRAFICO PAU BRASIL
TRAFICO do PAU BRASIL na época de Dom JOÃO VI

SILVÉRIO dos REIS
CORREIO do POVO - Ano 121-  nº 259 - p. 02 -15.06.2016 –POLÍTICA & ECONOMIA
Fig. 11 –  De todos os lados brotam projetos pontuais provenientes de indivíduos singulares da mais alta relevância. Contudo se  o “SISTEMA é MAU em si MESMO” este voluntarismo pontual  apenas aumenta a tenção social, econômica e jurídica. Estes projetos são remendos novos sobre roupa velha e decomposta que não suporta mais nenhuma costura.. Estes projetos pontuais possuem sentido na medida em que colaboram e apontam caminhos públicos e honestos para o retorno e o trabalho continuado  na ORIGEM do PODER e ao longo de TODO o seu FLUXO
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