domingo, 5 de fevereiro de 2017

147 - NÃO FOI NO GRITO

ARTIGAS dirige-se para as MISSÕES em 1817

Foi longo e sangrento processo de fixação dos limites entre as antigas posses espanholas e lusitanas na América. O Rio Grande do Sul foi  um dos cenários destas disputas e guerras nas quais as conquista  deste território físico foi palmo a palmo. O resultado foi a fixação dos limites da Republica do Uruguai e que as conquistou com um exemplar e produtivo contrato externo na base de um pacto nacional

O Uruguai alcançou, no século XIX, a fortuna pública e mundial a semelhança do que Cuba conseguiu no século XX. A soberania do Uruguai foi cuidadosamente preparada. Os reveses deste projeto e as suas afirmações nasceu de um profundo pacto social, cultural e político com o seu PODER ORIGINÀRIO. Este projeto uruguaio continua em pleno vigor, em 2017, apesar de contar com escassos três milhões e meio de habitantes[1] e com 95% vivendo no meio urbano. Para tanto esta nação platina  soube aproveitar o imenso potencial  que cada etnia, cultura ou história das diversas camadas de sua população.



Fotograma do filme “ARTIGAS: La Redota”

Fig. 01 –  O levante do PODER ORIGINÀRIO da nação uruguaia foi polarizado, durante algum tempo. pela figura mitificada de José Gervazio Artigas.  Porém este  PODER ORIGINÀRIO da nação uruguaia não aguentou as intrigas, a falta de recursos bélicos e as interações com outras nações.. Estas outras nações haviam se reforçado por mio da ERA INDUSTRIAL que não só lhe fornecia os recursos logísticos, técnicos e materiais, mas especialmente o pensamento, a comunicação e pactos árdua e continuadamente reconstruídos.  
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Evitou colocar em primeiro plano ou criar um TIPO SALVADOR da PÀTRIA Ao mesmo um destes arquiteto sociais e políticos não foi visto, divulgado ou cultuado em vida como um SALVADOR URUGUAIO. A figura de  José Gervazio Artigas só ganhou relevo interno no Uruguai muito tempo após o seu desaparecimento físico. Isto apesar de seu nome e façanhas ressoarem por todo planeta. O Correio Braziliense não fugiu a esta fabricação de um objeto de execração pública nas mãos de quem não gostava dos seus projetos, retardava e prejudicava os seus interesses imediatos.
 Rio Grande do Sul não pode deixar de olhar, refletir e se posicionar em relação estes acontecimentos, pois estava e continua no MEIO deste TORVELINHO tanto em fevereiro de 1817 como em fevereiro de 2017.



Em fevereiro de 1817 este caldeamento, atritos, explosões e sínteses estavam em plena efervescência. Desta efervescência nos dá testemunho o Correio Braziliense – FEVEREIRO de 1817, VOL. XVIII. Nº. 105, das pp.  204 até 212.

Reflexoens sobre as novidades deste mez.
REYNO UNIDO DE PORTUGAL BRAZIL E ALGAVES, Guerra do Rio-da-Prata.

Fig. 02 –  A  mitificação da figura de José Gervazio Artigas (1764-1850) foi muito tardia e quando ninguém mais se lembrava de sua fisionomia. O retrato de Artigas por pelo pintor JUAN MANUEL BLANES (1830-1901)  ocorreu num momento autoritário e cuja encomenda e feitura (1884)  pode ser interpretado como “PRÊMIO em CIMA[1] deste líder carismático”  no qual as autoridades se plantão tentavam puchar para si as glórias de que havia sacrificado sua  vida.  


As hostilidades, entre as tropas do Brazil e os bandos de Artigas, jrrompêram ja por alguns ataques parciaes, que na Inglaterra se tem representado como derrota considerável dos Portuguezes, a quem, pelo contrario, a gazeta do Rio-de-Janeiro dá a victoria. Julgamos importante examinar com alguma miudeza estas notícias, posto que mui vagas; naõ só pela influencia que éllas devem ter nos differentes pontos do Brazil, quando lá chegarem da Inglaterra; mas também porque nos devemos queixar do systema da Corte do Rio-de-Janeiro, em naõ publicar as noticias aulhenticas e verdadeiras daquella guerra; produzindo, com essa falta, os males, que resultam de se espalharem rumores falsos, ou de se darem aos verdadeiros interpretaçoens desfavoráveis. A gazeta do Rio-de-Janeiro fallou mui succintaniente daquelles ataques, e se limitou ao seguinte:— "Rio-de-Janeiro 30 de Outubro, 1816. Agora mesmo se recebe a noticia de terem os insurgentes atacado um piquete nosso, no dia 6 de Septembro, o que obrigou a vanguarda da divisão dos Voluntarios Reaes a repellillos, deixando elles carretas, cavalhadas, e boiadas."
Fotograma do filme “ARTIGAS: La Redota”
http://zh.clicrbs.com.br/rs/entretenimento/noticia/2013/05/artigas-la-redota-reconstroi-trajetoria-de-mitico-lider-uruguaio-4147003.html
Fig. 03 –  ARTIGAS valeu-se da mobilidade que os grupos sociais e culturais cultivavam num processo de nomadismo desconcertante para os exércitos treinados e municiados pela ERA INDUSTRIAL.. O emprego da cavalaria estava fora da lógica militar e ensinado nas academias militares treinados numa sistema linear e coletivo. Entre os prosélitos de ARTIGAS prevalecia o individualismo e a valentia pessoal.

 " No dia 24 do mesmo mez, um destacamento da dieta vanguarda, composto de 80 homens, destroçou um bando de 300 insurgentes no passo de Chafalote, dos quaes ficaram 20 prisioneiros, 19 mortos e muitos feridos." As gazetas lnglezas fôram mais extensas, porém os factos, a que se referem, comtém-se- principalmente nas seguintes cartas:— "Rio-de Janeiro.9 de Dezembro. Os Portuguezes procedem mui vagarosamente, e penso que naõ chegarão ás muralhas de Montevideo dentro do anno corrente. A guarda avançada ainda naõ passou de Castilhos, e as forças navaes ainda estavam em Maldonado aos 23 d'Outubro. O General Lecor naõ saio do Rio-Grande senaõ aos 17 de Novembro, quando foi ter a Sancta-Thereza, um dos postos das fronteiras. Para a parle das Missoens, Artigas tem ganhado algumas vantagens. Ali, de facto, será o principal theatro da guerra. As communicaçoens dos Portuguezes com Buenos-Ayres ainda continuara; por onde se julga que existe entre elles boa intelligencia. O exercito independente destinado a obrar, na primavera seguinte, contra o Chili, está prompto a marchar para Mendonça." >' Na mesma data. As operaçoens dos Portuguezes contra a margem Oriental do Rio-da-Prata saõ vagarosas, e mysteriosajs*.—
Fig. 04 –  A extensa e rica  área conflagrada da bacia do Rio da Prata pelo levante do seu PODER ORIGINÀRIO da nação uruguaia  obedecia ao líder ARTIGAS  figura mitificada. Este líder colocou-se no vácuo gerado pelo colapso de férreo colonialismo ibérico diante das prementes necessidades geradas pelas Guerras Napoleônicas. O triunfo das armas britânicas nas suas diversas intervenções em Portugal e Espanha abria-lhes uma extensa área a ser ocupada pelo comercio dos produtos industriais britânicos além de ser um destino das armas e homens sucateados.  


 Aqui naõ se publica nada a este respeito; porém sabemos por meios indirectos, que, da parte das Missoens, naõ tem sido bem suecedidoi. A ala direita do exercito, commandada pelo general Curado, e que está penetrando para o rio Uruguay, tem encontrado com dificuldades inesperadas, para que elle naõ estava preparado e a derrota de nma de suas divisoens lhe ensinou qne a empreza he mais difficil do que elle pensava. Artigas chamou a sua attençaõ para as margens do Uruguay e Missoens, e tem levantado os Índios em seu favor, e ameaça as fronteiras Portuguezas na quella parte.
Fig. 05 –  O abandono das Missões corresponde ao maior abandono aos seus antigos habitantes e construtores. Este abandono foi combustível para  ARTIGAS  incendiar as aspirações de qualquer soberania. O triunfo das armas britânicas abria uma extensa área a ser ocupada pelo comercio dos produtos industriais britânicos além de ser um destino das armas e homens sucateados 

Pelo lado do Cerro-Largo e Sancta-Thereza» a opposiçaõ, que ao principio se encontrou, está agora reduzida a uma espécie de guerrilhas, que fàtigam os exércitos nas marchas, e lhes impedem o mandar partidas em avançada, As forças navaes dos Portuguezes entraram em Maldonado aos 23 de Outubro, porém a sua commnnicaçaõ com as tropas de terra ainda naõ está estabelecida. Montevideo prepara-se para uma resistência decidida, ainda que com fracos meios. Buenos-Ayres fica neutral, e somente se occupa com os negócios do Peru."

FORTE de SANTA TERESA
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Fortaleza_ST.jpg.
 Fig. 06 –  O estratégico Forte de Santa Teresa, construído pelos portugueses, foi tomado pelos espanhóis e várias ocasiões. O projeto e a construção do Forte de Santa Tereza fazia parte do ROSÁRIO de fortalezas que CERCAVA a COLÔNIA LUSITANA. Era um ponto fortificado no litoral entre a Fortaleza Jesus, Maria e José de Rio Grande e a Colônia do Sacramento. As suas paredes externas estavam preparadas e em inclinação para resistirem aos impactos do profeteis da artilharia. Hoje está muito bem preservado no território uruguaio e no meio de um parque turístico administrado por este país.

Daqui tiraram vários jornalistas a conclusão, de que se tinham perfeitamente realizado as prediçoens, de que Artigas retorquiria a invasão com ataques aos dominios Portuguezes;—que esta circumstancia tinha produzido grande susto no Rio-de-Janeiro;—que este susto se augmentou com a derrota de uma das divisoens do General Curado:—que a Província de S. Paulo he habitada por gente análoga em sentimentos ás tropas de Artigas, &c. &c.
Fig. 07 – Nem todas as populações indígenas da Bacia do Rio da Prata, e afluentes, haviam se rendido às Reduções jesuíticas no período de 1630 e 1750. Mesmo aqueles que passaram por este sistema europeu, refluíram para as práticas e aos costumes ancestrais A liderança de Artigas deu-lhes um projeto coletivo conforme suas tradições despojadas do sentimento de posse individual. Este traço cultural os opunha diretamente com aqueles que se apropriavam das terras, das águas, das florestas, dos campos e dos animais. Estava evidenciada a acusação  contra os partidários de Artigas de roubos e de apropriações  de “BENS PARTICULARES” mesmo os improdutivos.
Ora perguntanos aos nossos Leitores, ¿ se daquellas cartas se podiam tirar similhantes conclusoens ? Supponhamos, que a victoria, mencionada na Gazeta do Rio-de-Janeiro, naõ he verdadeira, mas foi uma derrota como dizem as cartas; vejamos ao que isso podia montar. O excercito Portuguez, que actualmente tem entrado nos territórios de Montevideo, consta de cinco a seis mil homens. Logo a direita deste exercito commandada pelo General Curado, naõ pode com rehender mais da terça parte do exercito, ou 2.000 homens. As cartas dizem, que uma divisão de Curado he que fora batida; e suppondo essa divisão a direita, ou a esquerda ou o centro, será uma terça parte das tropas de Curado, ou pouco mais de seis centos homens. Eis aqui o que se pode colligir das cartas, e o que se tem engrandecido na Inglaterra como a derrota do exercito Portugnez. Vejamos agora as conclusoens, que nos parece se devem legitimamente tirar daquellas noticias. Artigas, vendo-se atacado pelo lado do AlbardaÕ, estrada de Sancta-Theresa, e costa do mar até Maldonado ao longo do Rio  da-Prata, retirou-se dali para o unico refugio qne lbe restava, que eram, no interior, as margens do Uruguay ; e as Missoens.
Fig. 08 –  A soberania Uruguai foi conquistada sobre a mobilidade da “Republica das Carretas”. Os revolucionários farroupilhas irão usar esta estratégia entre 1835 e 1845 para despistar as tropas imperiais.  O triunfo desta soberania era frágil e carente de qualquer centralismo. Porém foi a semente que permitiu um pacto nacional que permaneceu no tempo e apesar dos constantes tropeços autoritários característicos de culturas abertas e em constante mudança

Dizem esses Jornalistas, que Artigas, portanto, está retorquindo aos Portuguezes, havendo-lhe invadido o seu território; mas isto está taõ longe de ser assim, que as margens do Uruguay, esse theatro da supposta victoria de Artigas, estaõ muito além das fronteiras do Brazil como se pôde ver no mappa que publicamos a p. 134, do Corr. Braz. Vol. XVII. He logo a crassa ignorância, ou a má intenção de desencaminhar seus leitores, quem podia iuduzir taes Jornalistas a tirar daquellas cartas (e naõ citam outra authoridade) similhante conclusão. Das mesmos cartas, pois, se vê, que Artigas tem abandonado os territórios mais contíguos ao Brazil, que saõ a estrada de Sancta-Theresa, aonde dizem as cartas, que toda a opposiçaõ está reduzida a guerrilhas; o Albardaõ, em cuja estrada fica Castilhos, de que, segundo as mesmas cartas estaõ de posse os Portuguezes; Maldonado, aonde está a esquadra Portugueza; e em fim Monte-video aonde dizem as cartas que há fracos meios de resistência.
Fig. 09 –  O  general LECOR e as tropas brasileiras entraram em Montevideo no dia 20 de janeiro de 1817.  Esta ocupação durou dez anos sob a denominação e a bandeira da PROVÌNCIA CISPLATINA do Brasil. As tropas brasileiras se retiraram da Cisplatina com um governo uruguaio constituído e com Artigas exilado no Paraguai, a partir de 1820,  onde veio a falecer, em 1850, sem retornar para a sua pátria. . 

Que Artigas havia de fugir para as margens do Uruguay, sempre nós suppuzemos; porque naõ lhe restava outro refugio, a naõ querer lançar-se ao mar. Nas margens do Uruguay se podem fortificar os Portuguezes, quanto baste para protegerem os seus territórios, contra as incursoens e roubos dos partidistas de Artigas; o qual, se ainda ali for eficazmente perseguido, poderá retirar-se mais para o interior até Sancta Fé; porém quanto mais se afastar, tanto mais ganhará o Brazil; porque menos tem a temer de suas pilhagens, e correrias. Estas desconcertadas conclusoens, que se tem tirado de noticias particulares, teria o Governo do Brazil obviado, se publicasse regularmente no Rio-de-Janeiro os officios dos Generaes empregados naquella campanha, com as particularidades, que saõ essenciaes, para que as narraçoens historioas mereçam o devido credito. He nisto que com sobeja razaõ nos devemos queixar de continuar a Corte no pernicioso systema de naõ informar o publico dos factos importantes, que se vâm passando; porque em conseqüência desse silencio todo o mundo suspeita o que he peior; espalham-se rumores desavantajosos, que se acreditam; porque naõ saõ desmentidos; o povo desgosta-se de uma guerra, que suppoem mal succedida, em conseqüência dessas falsas informaçoens; a naçaõ adquire mal nomeada no estrangeiro; e em fim tudo vai mal pela única razaõ de naõ se querer dar ao publico fiel conta das novidades importantes.
Fig. 10 –  O silencioso e obsequioso ritual do beija mão real ocultava e dissipava a sombra de qualquer catástrofe Sempre havia o recuso a CULPADO de TUDO sentado no trono real e que não podia se queixar da sua corte atolada em mesuras, desfiles e eventos de toda ordem.. Afinala Prfovíncia Cisplatina e o Rio da Prata ficavam muito distantes desta cena e nem entrava da cogitação dos áulicos que apenas queriam os cargos nobiliárquicos.

Nem obsta a isto o dizer-se, que se o Governo publicar os acontecimentos adversos desanimará a naçaõ; pelo contrario, uma exposição verdadeira, mesmo de successos desastrosos, anima os povos a vingar as afrontas, e a veracidade da exposição influe sempre na naçaõ correspondente confiança em seu Governo; quando essa confiança nunca pôde ser obtida pelo mysterioso segredo, que se guardar sobre os successos da guerra.

Fig. 11 –  Entre tantas fontes de intrigas certamente as opiniões e aspirações no âmbito do Rio da Prata da PRINCESSA do BRASIL eram conhecidas. Dona Carlota Joaquina, como filha do Rei da Espanha, não ocultava para ninguém o seu projeto de firmar o seu poder na Bacia do Rio da Prata  Os jornalistas tinha ali uma fonte que evidentemente não divulgavam publicamente e muito menos, em textos impressos.

Isto pelo que pertence aos factos; mas he preciso também dizer alguma cousa sobre as theorias, que adoptam nesta matéria  alguns Jornalistas contemporâneos. Dizem elles que o titulo apparente da guerra do Brazil contra Artigas he o máo comportamento deste; mas que o motivo verdadeiro he a ambição do Gabinete do Rio-de-Janeiro. Esta accusaçaõ he verdadeiramente mui séria, e naõ se pôde sem injustiça avançar, sem prova; e com tudo esses Jornalistas atiram ao mundo com tal proposição; sem terem a bondade de produzir uma só prova, nem ainda conjectural, em apoio de um ataque de tal natureza, contra o character moral do Gabinete do Rio-de-Janeiro. O máo comportamento de Artigas. a usurpaçaõ do Governo que exercita, sem titulo algum, mesmo até sem nome, que lhe atribua character publico, saõ factos notórios, e reconhecidos pelo Governo e Povo de Buenos-Ayres, que tem publicado ao mundo as suas queixas contra o usurpador Artigas, e que (até mesmo segundo as cartas, que acima copiamos) está em boa intelligencia com a Corte do Rio-de-Janeiro, a pezar desta guerra contra Artigas. Mas naõ pararam aqui essas accusaçoens destituídas de provas, contra a Corte do Rio-de-Janeiro: os Jornalistas, de que falíamos, inventaram mais; dizendo que o attaque, que os Portuguezes faziam a Montevideo, éra em conseqüência de tractados com a Corte de Madrid, que lhe cedia aquelle território a troco de um auxilio e ajuda, para reconquistar o resto das colônias revoltadas. Disto produziram os taes Jornalistas algumas provas; uma foi o ter-se isso asseverado em uma Gazeta de Cadiz; outra o dizello assim uma proclamaçaõ attribuida ao General Lecor, e que também de Cadiz foi remettida a Inglaterra.
Indústrias da BASF em Ludwigshafen ano de1881
Fig. 12 –  Enquanto as ex-colônias ibéricas se debatiam entre a herança colonial e as aspirações de sus soberanias nacionais, a Europa iniciava um novo ciclo colonial baseado na ERA IDUSTRIAL. Esta não só necessitava acumular insumos, para as suas máquinas, mas estabelecer territórios cativos para escoar rápida,  eficazmente e com lucros crescentes esta produção.  Assim esta lógica capitalista dividiu ou aglomerou o planeta  pela lógica industrial e comercial sem consultar o PODER ORIGINÀRIO das nações tuteladas.

He obvio, que, nos esforços que tem feito o Governo Hespanhol, par occultar a seus subditos o verdadeiro estado de suas colônias, lhe importava muito fazer persuadir o publico, de que a Corte de Hespanha esperava do Gabinete do Rio-de-Janeiro poderosos auxílios, para reconquistar e submetter suas colônias; mas,, porque importa ao Governo Hespanhol pulicar esses rumores, segue-se que um Jornalista, obrigado a ajuizar das novidades com critica saã, deva dar credito a similhantes boatos ? Rumores muito mais dignos de attençaõ, e criveis por sua natureza, dizem; que em Madrid fizeram a mais terrível sensação as novidades da invasão de Montevideo; e que o Gabinete Hespanhol se tem por isso formalizado mui seriamente, e feito ásperas representaçoens ao Gabinete do Rio-de-Janeiro; principalmente a instigaçaõ de Cevalhos decidido inimigo dos Portuguezes.
RUGENDAS Viagem ao BRASIL 1835.Acampamento de tropeiros
Fig. 13 –  As vastidões continentais do Brasil eram ligadas entre si por tropeiros  e raros viajantes além de representes comerciais   Uma viagem de Rio Pardo até São Borja levava meses como aconteceu para Arsène Isabelle[1] no ano de 1834

 Quanto á injustiça da guerra, que faz o Brazil contra Artigas, tem-se querido provar, exaltando o character daquelle homem, que notoriamente éra um contrabandista, ou salteador (porque estes officios saõ análogos, tanto naquelle paiz como em Hes-* punha) e que sem eleição do povo, nomeação d' outro governo, nem titulo algum bom ou máo, se apoderou, por meio da força de seus sequazes, do governo de Montevideo. Os elogios, pois que se tem escripto em Londres, em louvor daquelle homem, só podem ter sido dictados por algum de seus partidistas, que neste paiz resida; porque saõ diametralmente oppostos aos factos. O General Curado, homem mui conhecido naquelle paiz, por ter ha muitos annos commandado no Rio-Grande um regimento de Cavallaria, e pelos serviços, que fez na Europa, he um dos chefes mais próprios para commandar tropas, na qualidade de guerra, que he necessário fazer contra Artigas. Só a ignorância dos negócios daquelle paiz pôde por em parallelo o character daquelle sugeito, e a causa que elle defende, com Artigas, e suas qualidades moraes ou sua situação politica. As prezas que os Corsários de Montevideo tem feito de alguns navios Portuguezes; he um dos argumentos, que se tem alegado, contra a impolitica desta guerra, da parte do Brazil; e, o que mais he, até contra a sua justiça. Quanto á impolitica, he verdade que he incommodo para a naçaõ perder alguns de seus vasos; e para os particulares talvez seja sua total ruina; mas j aonde se deo guerra alguma, sem que haja o pezo das perdas, e o dezar das derrotas? Neste caso as forças que Montevideo pode deitar ao mar, saõ tam insignificantes, que as suas tomadias apenas devem entrar em linha de conta; principalmente se no Brazil tomarem sobre isso medíocres precauçoens Mas ja que os jornalistas, que alegam este objecto das prezas, faliam tanto contra o direito que tem o Gabinete do Rio-de-Janeiro para fazer esta guerra contra Artigas, perguntáramos nós ¿ com que authondode andam pelo mar corsários de Artigas ?,; Com que titulo se assigna elle para dar Cartas-de-marca, ou que legalidade pôde dar a seus corsários, para que naõ sejam tractados como piratas em qualquer naçaõ civilizada, aonde similhante questão for legalmente examinada ou processada? Declarou-se ja Artigas chefe de alguma naçaõ independente, para assumir o direito de conceder cartas-de-marca, ou mostra-se assas poderoso em seu governo para castigar esses seus corsários, que no mar se portarem mal, ou se fizerem reos de algum crime contra o direito das gentes ? Quando as tropas do Brazil tomarem Maldonado e Montevideo ¿ que portos restam a Artigas, para receber os seus corsários, e estabelecer tribunaes de Almirantado, aonde suas prezas sejam legalmente condemnadas ? E, sem esta formalidade,; que seraõ esses corsários senaõ piratas, e suas prezas senaõ roubos P Achamos que, insensível mente, o nosso artigo, sobre a guerra do Rio-da-Prata, se estendeo alem do que intentávamos, portanto paremos aqui: os Jornalistas Inglezes naõ deixarão de continuar a dar-nos occasiaõ de reassumir a matéria.


[1] ISABELLE. Arsène (1807-1888)[1], - Viagem ao Rio da Prata e ao Rio Grande do Sul tradução e nota sobre o autor Teodomiro Tostes; Introdução de Augusto Meyer [2ª reimpressão] Brasília : Senado Federal 2010 , XXXI p. + 314 p.( Ed. Senado Federal v.61)

Fig. 14 –  O cenário de fevereiro de 2017 mostra o resultado de “UTI  POSSEDETIS _ ITA POSEDIATIS” de Alexandre de Gusmão. Porém este ideal - do plano conceitual - custou trabalho, sangue e lagrimas de ambas as partes em litigio em 1750. Os pontos fortes desta posse foram as cidades de Rio Pardo e de São Borja. Os habitantes do  lado espanhol - onde se incluíam as Missões Jesuíticas da margem esquerda do Rio Uruguai - ofereceram tenaz e continuada resistência aos lusitanos e depois a Brasil Independente. O desfecho custou o silêncio obsequioso de Joaquina Carlota e o trono e a coroa do sei filho Primeiro Imperador Brasileiro. .

Embaixador Inglez para o Brazil,
Diz o rumor, que o Gabinete Inglez se resolveo por fim a nomear Ministro, que resida na Corte do Rio-de-Janeiro, e que este será Mr. Thornton, que fora Cônsul em Baltimore, e que actualmente se acha Ministro Plenipotenciario em Suécia.
SIQUEIRA Domingos 1768-1835 Sopa_dos_Pobres_em_Arroios_(1813)_Gravura 42 x 78 cm https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sopa_dos_Pobres_em_Arroios_(1813)_-_Domingos_Sequeira.png
Fig. 15 –  Em Lisboa os problemas se acumulavam e explodiam pelas ruas e praças enquanto governo e a corte do Rio de Janeiro se engalfinhavam com os rebeldes do Rio da Prata  
Na imagem a multidão a espera de alimentos no Largo do Arroio em Lisboa
[clique sobre a imagem para ver detalhes]

Monte-Pio Literário de Lisboa,
Concluímos no nosso N°. passado a publicação do compromisso do Monte-Pio-Literário de Lisboa, que a grande affluencia de outras matérias nos obrigou a differir até entaõ. Agora publicamos a p. 202, a conta da receita e despeza desta Sociedade; qne mostra as boas intençoens e integridade de seus administradores e membros. Também nos tem chegado á maõ grande copia de documentos, relativos ás transacçoens da Sociedade; e, supposto que os naõ publiquemos; porque o seu volume seja incompatível com os limites de nosso Periódico; com tudo a sua leitura nos servio de muito, para formarmos idea clara do que he a Sociedade do Monte-PioLiterario. Pelo que respeita o compromisso, seria alheio do nosso propósito fazer delle analyze miúda, que talvez nem sempre admitia com vantagem; mas em geral podemos dizer, que, havendo a prudência nelle introduzido todas as disposiçoens, que parecem análogas ao character e estado actual da naçaõ, fazem com que esta Sociedade deva ser olhada como muito respeitável, por todos os lados. E com tudo o Governo julgou, na confirmação do Compromisso, que devia pôr espias á Sociedade; e portanto ordenou que um Magistrado, que se nomeou, assistisse ás sessoens. Naõ brigaremos por este motivo com um Governo, que he zeloso e tímido, porque he fraco e ignorante, nem com isto se devem escandalizar os Compromissarios, ou Membros da Sociedade; he isso um defeito dos tempos, e do estado da educação publica e particular da sua naçaõ: elles, que estaõ á frente deste importante ramo, de que depende em tam grande parte a felicidade mandana dos homens— a educação — cuidem em melhorar as geraçoens vindouras o mais que puderem. A posteridade e a historia imparcial lhe saberá dar os verdadeiros agradecimentos.
Fig. 16 –  Conforme Paixão Cortes e Barbosa Lessa os centros de tradições uruguaios foram a matriz e a fonte de inspiração para o Movimento Tradicionalista sul-rio-grandense  posterior, e como reação, à queima da bandeira e a proibição do hino pelo Estado Novo.  Os uruguaios iniciaram cedo um culto de cada tradição dos variados povos, culturas e etnias que entraram no pacto nacional. Não geraram um TIPO URUGUAIO e que facilmente descambaria para uma determinada etnia, cultura ou MITO de ORIGEM única e dominante sobre os OUTROS.



Na conclusão é  necessário reconhecer  o profundo respeito pelo PODER ORIGINÁRIO, pela DEMOCRACIA e pela IGUALDADE destas gerações uruguaias. Porém os vindouros não pararam de sofrer os mais diversos assaltantes da parte daqueles que povoam e corrompem os regimes políticos abertos. O próprio Artigas foi vítima de uma destas facções. Ao mesmo tempo as versões internas e externas -  desta pequena e valorosa nação - ganharam narrativas, rememorações e prêmios em cima dos interesses  das mais variadas facções, ideologias e tempos.

Os uruguaios interpenetraram profunda  e continuadamente o Rio Grande do Sul trazendo a sua cultura. Assim a empresa Júlio MAILHOS, de Montevidéu,  colonizou praticamente o município de SARANDI. Acredita-se que o nome SARANDI tenha sido uma homenagem à Batalha de Sarandi travada no dia 21 de outubro de 1825 deixando os orientais com a posse deste lugar[1].
Fig. 17 –  Um representante da cultura rural e do Movimento Tradicionalista caminha -  em pleno sol do mês de fevereiro de 2017 - no tórrido meio urbano de Porto Alegre.  Inclusive os pássaros migram para o meio urbano na medida em que meio rural e o interior do Rio Grande do Sul - especialmente no Uruguai – torna-se oco, silencioso e intoxicado por herbicidas, fungicidas e agrotóxicos. Trata-se do triunfo da Época PÒSINDUSTRIAL sobre a ERA INDUSTRIAL, ERA AGRICOLA e PASTORIAL   Época PÒSINDUSTRIAL que cria, elabora a memória da ERA INDUSTRIAL, AGRICOLA e PASTORIAL e faz circular os bens simbólicos resultantes e que migram para os museus nos quais prospera a CULTURA Conceitual e SIMBÓLICA.

Enquanto isto a FAMILIA de Otávio CORREA mantinha  suas  propriedades no Uruguai e exportava o seu gado via Montevideo. Estes feitos são contados  em OTÀVIO CORRÊA o CIVIL dos !18 do Forte Copacabana

FONTES BIBLIOGRÁFICAS

ISABELLE. Arsène (1807-1888)[1], - Viagem ao Rio da Prata e ao Rio Grande do Sul tradução e nota sobre o autor Teodomiro Tostes; Introdução de Augusto Meyer [2ª reimpressão] Brasília : Senado Federal 2010 , XXXI p. + 314 p.( Ed. Senado Federal v.61)

LICKS, Afonso O Civil Dos 18 Do Forte De Copacabana.  Florianopolis: Ed. do Autor,  2016

FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS

“ARTIGAS: La Redota” o filme


CORREIO BRAZILIENSE fevereiro de 1817


BATALHA de SARANDI 12.10.1825


EXECUÇÃO de GOMES de ANDRADE em 18.10.1817


FAMILIA CORREA e a suas  propriedades no Uruguai https://www.facebook.com/octaviocorreaOcivil/


DEPARTAMENTO RIO NEGRO Uruguai


FORTE de SANTA TERESA


JORNALISTAS BRASILEIROS em LONDRES entre 1808-1822


JUAN MANUEL BLANES (1830-1901)  Retrato de Artigas 1884


LECOR ente a em MONTEVIDEU em 20 de janeiro de 1817

PRÊMIO em CIMA DE....


PRINCESA do BRASIL


REVOLUÇÂO de RECIFE de 1817


RUINAS da Catedral de São Miguel da Missões por DEMERSAY em 1846

SARANDI-RS e a empresa Júlio MAILHOS

SOPA dos POBRES ARROIOS - Lisboa - 1813

UTI POSSEDETIS _ ITA POSEDIATIS



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